quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Suposta fantasma volta a ter cargo na Prefeitura de Campo Grande

Por EDUARDO MIRANDA     Foto;Reprodução Facebook

Exatamente dois meses depois de ter sido exonerada do serviço público municipal, a empresária  Mara Bethânia Bastos Gurgel de Menezes foi reconduzida à Secretaria Municipal de Desenvolvimento e de Ciência e Tecnologia (Sedesc) desta vez, para ser a secretária adjunta do titular da pasta, Abrahão Malulei Neto. Tudo dentro da normalidade, não fosse ela neste período, acusada de improbidade administrativa pelo Ministério Público Estadual, por ser funcionária fantasma no município. Funcionária com o cargo DCA-1, Mara recebe R$ 10.098,90 por mês, mas é investigada desde quando seu salário era de R$ 8.415,00.

Anteriormente, a empresária era “gerente de fomento à indústria” da Sedesc, mas agora, quando foi reconduzida ao serviço público municipal, foi promovida pela atual administração. A ação de improbidade que Mara responde, contudo, está relacionada com outra secretaria, a de Governo e Relações Institucionais.

Por Mara Bethânia supostamente receber salário sem trabalhar, também respondem na Justiça o secretário municipal de Governo, Antônio Cézar Lacerda Alves e o advogado Gilberto Kodjaoglanian di Giorgio, servidor na mesma pasta. Mara foi monitorada em 2017 pelo Ministério Público Estadual, em inquérito civil que tramitou no início deste ano, e resultou na ação civil pública, ajuizada em 29 de outubro último, na 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos da Capital.

INVESTIGAÇÃO

A investigação apontou que entre os dias 18 e 20 de setembro de 2017, Mara não ia à prefeitura trabalhar. Na ocasião, ela ainda estava lotada na secretaria de Governo, subordinada à Lacerda. “Esta cumpria uma rotina bem definida que consistia basicamente em frequentar a academia “Fitness” no período da manhã, trabalhar no Centro de Estética Ellas (de propriedade da empresária e também servidora) à tarde e buscar sua filha na escola, não tendo em nenhum momento se dirigido ao prédio da prefeitura ou a qualquer outro local que indicasse interesse público do órgão que lhe paga seu salário desde fevereiro de 2017”, acusou o promotor de Justiça Humberto Lapa Ferri, na ação civil de improbidade.

Ferri alega que Mara Bethânia não cumpria efetivamente o expediente de oito horas semanais, e contava com o “aval e conivência” do secretário, Antônio Lacerda, e do assessor jurídico da pasta, Gilberto Kodjaoglanian Di Giorgio. Este, tinha delegação de Lacerda para atestar a frequência mensal dos servidores do órgão.

Desde que a investigação do Ministério Público Estadual avançou, no primeiro semestre deste ano, Mara passou a se esforçar em mostrar que estava trabalhando em uma de suas redes sociais. Entre junho e agosto últimos - antes de ter sido exonerada para voltar a trabalhar em novembro - postou várias fotos em eventos públicos da Sedesc e de outras pastas do município.

No inquérito, Mara e Lacerda reforçaram a tese de que ela não precisa estar nos órgãos públicos para, necessariamente, estar trabalhando. A tese do trabalho externo. Em defesa prévia, Lacerda alegou que não era dele a responsabilidade de atestar a frequência de Mara. A empresária e servidora, limitou-se a dizer que acusação não procede, e que faria a defesa em momento oportuno. Em sua defesa prévia, Gilberto Kodjaoglanian disse não ter havido conduta dolosa.

As alegações, no entanto, não foram suficientes convencer o juiz David de Oliveira Gomes Filho. Ele aceitou a acusação do Ministério Público, e o processo terá seguimento.Com informação do Portal correio do Estado

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