sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Maquiagem e esmalte podem desencadear alergia

                                         Foto:Divulgação
Dermatite de contato é a causa mais comum de alergia na pele

Por CRISTINA MEDEIROS

Grande paixão no dia a dia das mulheres – e de vários homens –, o uso da maquiagem facial e do esmalte, muitas vezes, fazem aflorar um processo alérgico conhecido como dermatite de contato alérgica, dependendo do cosmético usado. O problema é a causa mais comum de alergia na pele das pálpebras e atinge de 30 a 77% das mulheres. O esmalte para unhas é o primeiro no ranking das causas das alergias, seguido das maquiagens aplicadas na região dos olhos.

E, para quem usa regularmente sombras, lápis e delineadores com muito brilho, aqui vai um alerta: na maioria dos casos de dermatite nas pálpebras, os metais presentes na composição do produto são os responsáveis pelo desencadeamento das alergias. Quanto mais coloridos e brilhantes, maior a chance de o produto ter em sua fórmula metais como alumínio, cobalto, níquel, cromo e chumbo.

Quem se encaixa neste perfil é a publicitária Carol Boaretto, de 30 anos. Ela conta que desde criança apresentou alergia a metal, principalmente ao níquel. Quando mudou-se de São Paulo para Campo Grande, aos 10 anos, seu corpo apresentou uma nova reação. “Saí de uma cidade poluída para outra com qualidades ambientais muito melhores e meu corpo sentiu, as alergias afloraram”, conta.

Com o tempo, a jovem começou a apresentar alergia ao usar maquiagem e esmaltes. “Alguns produtos me dão alergia. Já usei esmaltes que inchavam minha cutícula. Descobri que meu nível de intolerância é diretamente proporcional ao estágio de imunidade no qual meu corpo se encontra. Assim, posso desenvolver ou não alergia a tal produto”.

Segundo a oftalmologista dra. Tatiana Nahas, chefe do serviço de plástica ocular da Santa Casa de São Paulo, maquiagem, esmaltes e tintura para cabelo podem causar alergias em pessoas que têm uma maior sensibilidade ou ainda naquelas que são atópicas, ou seja, que são alérgicas e apresentam diversos tipos de alergias, como rinite, conjuntivite alérgica, asma e dermatite de contato. “Porém, a alergia pode manifestar-se mesmo em quem nunca teve alergia na vida”.

“Os estudos a respeito de alergias oculares, principalmente as que atingem a pele ao redor dos olhos, mostram que os principais alérgenos que desencadeiam a alergia são os metais já citados, além de corantes, conservantes e fragrâncias. A questão é que quase ninguém tem o costume de ler rótulos para checar quais substâncias estão presentes na fórmula. Mesmo quem lê, pode não entender as siglas e nomes usados pelos fabricantes”, explica dra. Tatiana.

REAÇÃO

Segundo a médica, é preciso entender que, mesmo uma maquiagem de uma marca famosa, pode causar alergia. “A alergia é uma reação do organismo, que reconhece a maquiagem ou outro cosmético como um invasor, um corpo estranho. Pessoas alérgicas a outras coisas têm um risco maior de ter alergias a maquiagem, tinturas de cabelo, esmalte e outros produtos. Assim, o ideal é procurar alternativas, como produtos hipoalergênicos ou com fórmulas mais naturais”, comenta a médica.

A empresária Maiza Ribeiro, de 50 anos, de Campo Grande, está neste estágio de utilizar apenas produtos hipoalergênicos. “Não tive alternativa. Passei por um processo alérgico longo até descobrir que não poderia mais usar esmaltes e maquiagem comuns. O que desagrada é o fato de a maquiagem hipoalergênica não ter a mesma aderência e durabilidade da outra”.

Maiza conta que tudo começou há uns 15 anos, quando ainda usava normalmente maquiagem nos olhos e batom. “Do nada, comecei a sentir ardência nos lábios. Passava batom para hidratar e parecia ter passado pimenta”. Após diagnóstico do dermatologista e um tratamento, ela achou que tinha resolvido o problema. “ O médico disse que eu adquiri alergia a estes produtos e que, depois que isso ocorre, é difícil reverter o quadro. Passou injeção, pomada, fiz todo o tratamento. Achei que estivesse tudo resolvido e voltei a usar maquiagem comum. Não deu outra, a alergia voltou. Hoje, só uso hipoalergênico mesmo ou nada”.

Preço x Qualidade

A oftalmologista alerta sobre outra questão importante: o barato pode custar caro. “O mercado de produtos de beleza é um dos que mais crescem em todo o mundo. Mesmo com a crise, os números são positivos. Entretanto, nem sempre os produtos são de boa qualidade, testados, aprovados ou ainda livres de substâncias não autorizadas pelos órgãos reguladores”, ressalta dra. Tatiana.

Um estudo recente mostrou que sombras, lápis de olho e até mesmo maquiagem para crianças apresentam níveis de metais superiores aos permitidos. A dica da médica é sempre procurar produtos de marcas reconhecidas e de empresas idôneas. Portanto, se você adora comprar aquele conjunto de sombras do camelô, cuidado! O risco de ter uma alergia é grande.

A publicitária Carol Boaretto conta que, para saber se o produto vai lhe causar alergia, toma vários cuidados. “Eu nunca compro marca nova. Antes de tudo, experimento, testo o produto numa área menor, a maquiagem, então, principalmente quando é no olho. Quanto ao esmalte, uso e retiro em dois dias para que o processo alérgico não inicie”.

ESMALTES

Os esmaltes não são tão inofensivos quanto aparentam e podem causar alergias. Os principais causadores de reações alérgicas são o formaldeído, o tolueno e alguns pigmentos e conservantes presentes na composição desses produtos.

“Esses componentes podem causar alergias e vermelhidão às pessoas mais sensíveis. E a única solução é suspender o uso de esmaltes comuns e fazer o teste de alergia no médico, para descobrir a quais substâncias a pessoa é realmente alérgica”, explica a dermatologista Alícia Natário.

Foi o que aconteceu com a administradora de empresas Valmira Gomes Carvalho, 54 anos. Há uns 20 anos, os sinais de alergia apareceram. “Meu rosto ficou avermelhado próximo aos olhos, na pálpebra, próximo à boca. Coçava e descamava. Eu não tinha ideia do que poderia ser. Um dia, em casa, ao retirar o esmalte, tive contato com acetona na boca e tudo foi potencializado”. A ida ao dermatologista confirmou para Valmira que ela era alérgica ao formaldeído e ao tolueno, necessitando mudar o tipo de esmalte.

“Hoje, uso esmalte hipoalergênico, cuja linha é bem variada e de boa qualidade, além do preço acessível. E, graças a Deus, a indústria cosmética olhou para este universo, porque, há 20 anos, a oferta era mínima, importada e com preço lá em cima”.

PARA PREVENIR ALERGIAS

Só seu: Maquiagem é de uso pessoal. Maquiagem de olhos e boca, que entram em contato com as mucosas, jamais devem ser compartilhadas.
Validade: A maioria dos cosméticos tem validade de 3 a 6 meses. Procure analisar sempre se o produto já venceu. Não tenha dó, jogue fora
e compre outro.
Check-list: Mesmo sem ter vencido, fique de olho no aspecto do cosmético, como cheiro, textura etc. Faça uma organização mensal das maquiagens. Pegue tudo que você tem e anote as datas de validade, limpe os pincéis etc.
Guarde apropriadamente: Leia nas instruções como o cosmético deve ser guardado, preferencialmente longe da umidade, do sol etc.
Teste: O teste é sempre bem-vindo, mas a questão é que a pele das pálpebras é a mais fina e sensível do corpo. Procure uma região como o pulso, em que a espessura da pele não é tão grossa e teste o produto antes de aplicar nos olhos.

Bom e barato? Há opções de maquiagem de boa qualidade para todos os bolsos e gostos, de empresas nacionais e internacionais. Veja se o produto tem registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Se for importado, dos órgãos reguladores do país de origem.


“A alergia nas pálpebras pode evoluir para outras condições. Por isso, a recomendação é procurar um oftalmologista para tratar o quadro alérgico e até mesmo para avaliar os cuidados necessários para evitar novas crises”, conclui dra. Tatiana. Com informação Portal Correio do Estado

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