segunda-feira, 5 de março de 2018

Na cadeia, Paulo Maluf chora e diz que sofre “tortura mental”


                                        Foto Divulgação



De Brasília

O ex-prefeito de São Paulo e deputado afastado Paulo Maluf reafirmou que é inocente e chorou ao relatar sua rotina no Complexo Penitenciário da Papuda, nas imediações de Brasília, onde está preso desde dezembro. Ele foi visitado pela jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo , que publicou entrevista com o deputado afastado no domingo (4).



Aos 86 anos de idade, Paulo Maluf está com os cabelos mais brancos e não vê os filhos e a esposa, Sylvia, desde que se entregou voluntariamente à sede da Polícia Federal em São Paulo, no dia 20 de dezembro, após o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin determinar sua prisão. O deputado disse que ele mesmo proibiu seus familiares de irem ao seu encontro.

“Eu sinto falta da Sylvia, sabe? Ela sorriu comigo, ela chorou comigo a vida inteira. Ela vai fazer 83 anos no dia 12 de abril. E no dia 23 nós fazemos 63 anos de casados. “Você acha que uma mulher da idade dela tem que passar pelo que você passou hoje? Não quero! Não quero!”, disse o ex-prefeito à jornalista, fazendo referência à revista íntima pela qual os visitantes da Papuda são submetidos.

Maluf foi condenado a cumprir 7 anos, 9 meses e 10 dias de cadeia por crime de lavagem de dinheiro durante sua gestão na capital paulista, entre 1993 e 1996. O ex-prefeito foi acusado de enviar para o exterior propina paga em contratos com as empreiteiras Mendes Júnior e OAS para a construção da Avenida Água Espraiada, hoje chamada Avenida Roberto Marinho.

O ex-deputado garantiu que “só fez o bem” em sua vida pública e reforçou a crença em seus advogados conseguirem provar que ele é “inocente”. “Eu não estou triste. Eu estou é magoado, sabe?”, explicou à jornalista.

“A minha avenida… Eu fiz 80% dela”, disse o ex-prefeito, chorando, referindo-se à Avenida Roberto Marinho. “Faltam só 20% para ligá-la à [rodovia] Imigrantes. Seis prefeitos vieram depois de mim. E ninguém termina a minha avenida. Aquele lugar era um lixão, com 40 mil favelados. Foram todos morar nos prédios do Cingapura. Não machuquei ninguém. Não matei ninguém. Por que eu estou aqui?”, diz, soluçando. “Eu estou sofrendo uma tortura moral.”

O novo lar de Maluf

Ainda segundo reportou a jornalista da Folha de S.Paulo , Maluf disse que é bem tratado pelos funcionários e demais detentos da Papuda. Ele divide uma cela com outros três detentos na ala destinada a idosos e a pessoas vulneráveis. O espaço onde ele cumpre sua pena conta com uma pequena televisão, dois treliches e recebeu pequenas adaptações para receber o ex-prefeito, que tem dificuldades de locomoção.

O ex-prefeito repetiu o mantra de que sofre com diversos problemas de saúde e defendeu que deveria cumprir prisão domiciliar. A defesa de Maluf pede esse direito no STJ (Superior Tribunal de Justiça), ao menos até o julgamento de habeas corpus protocolado no STF.

“Querem que eu cumpra pena? Tudo bem. Mas eu posso cumprir em São Paulo, perto da minha família. Eu posso cumprir na minha casa. Eu sou o único preso aqui que tem 86 anos. E cumprindo regime fechado! O único!”, reclamou o ex-prefeito.

Paulo Maluf também elogiou na entrevista o tratamento que recebeu dos irmãos Wesley e Joesley Batista, empresários do Grupo JBS, no período que passaram juntos na carceragem da PF em São Paulo. “Eles foram uns amores comigo. Uns amores. Limparam a minha cela, me deram chocolates”, afirmou o ex-prefeito.

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