terça-feira, 2 de agosto de 2016

Delcídio se preocupou com amigos presos na Lava Jato, disse Lula ao MP


G1 Brasilia    Foto:Divulgação

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em depoimento ao MPF (Ministério Público Federal), que o senador cassado Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) demonstrou em conversas preocupação com amigos presos na Operação Lava Jato.

O depoimento, de abril de 2016, está em processo na 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília. O sigilo foi retirado na semana passada, quando foi aberta ação penal que tornou Lula réu. O ex-presidente, Delcídio e outras cinco pessoas são acusados no processo de tentar obstruir a Justiça comprando o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, um dos delatores do esquema de corrupção que atuava na Petrobras.

“[Lula afirmou] que Delcídio dizia estar preocupado com as pessoas que estavam presas por ser amigo delas, como o Cerveró e outras; que o declarante não era amigo dessas pessoas; que não tem recordações das conversas com Delcídio sobre a Operação Lava Jato; que não se recordava da resposta que deu a Delcídio nessas conversas; que deve ter dito que todo mundo contratou advogado e está ‘brigando’ [pela causa]", diz documento do MPF.

No depoimento, Lula também disse que passou a manter relação "mais densa" com o senador cassado quando Delcídio se tornou líder do governo no Senado, mas que os dois não eram próximos quando ele foi presidente da República.

Delcídio teve o mandato cassado pelo Senado em maio deste ano. Ele foi preso em novembro do ano passado por tentar obstruir as investigações da Lava Jato ao oferecer R$ 50 mil mensais à família de Nestor Cerveró. Ele foi acusado de tentar convencer o ex-diretor da Petrobras a não fechar um acordo de delação premiada com o MPF.

No depoimento, Lula também disse que nunca soube de ilegalidade cometida por Delcídio no PT. Segundo ele, os dois tiveram reuniões na sede do PT em Brasília e também no Instituto Lula, em São Paulo. Os encontros na capital paulista eram mais frequentes e ocorriam quando Delcídio ia ao hospital Sírio-Libanês, de acordo com Lula.

Os ex-presidente também afirmou que tratava com o senador cassado de assuntos do Congresso Nacional e de política, “porque havia dificuldades no relacionamento do governo”.

“[Lula disse] que por ser a figura mais importante do PT, houve aproximação natural entre o declarante e Delcídio do Amaral quando este se tornou líder do governo; que não diria que era amigo de Delcídio do Amaral, tendo relação partidária com este; que não participou da indicação dele como líder do governo", explica o documento do Ministério Público.

Lula também afirmou em seu depoimento que é "mentira" de Delcídio que os dois tenham conversado sobre o acordo de delação premiada de Nestor Cerveró. Em denúncia baseada na delação de Delcídio, a Procuradoria Geral da República concluiu que Lula e Delcídio estavam entre os que atuaram para comprar por R$ 250 mil o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.

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