domingo, 5 de outubro de 2014

Em SP,Alckmin deve sacramentar a maior vitoria do PSDB


Veja

"Paulista gosta de chuchu". A frase dita pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) em recente entrevista à TVeja não apenas faz piada com seu próprio apelido, como resume o que as urnas devem comprovar neste domingo: o tucano chega ao dia da eleição como favorito a liquidar o pleito já no primeiro turno – alcançando seu quarto mandato como governador de São Paulo. Em jogo está não apenas o comando do maior colégio eleitoral do país – 32 milhões de eleitores –, como a manutenção da supremacia tucana em solo paulista. O partido está há vinte anos no comando do Estado e, se as urnas confirmarem o que indicam as pesquisas de intenção de voto, deve garantir o reinado tucano no Palácio dos Bandeirantes por mais quatro. É a mais duradoura hegemonia de um partido no comando de um governo estadual desde a redemocratização do país.

O desempenho do governador ao longo desta campanha surpreendeu até mesmo os tucanos: em junho, durante a Convenção Estadual que selou a candidatura de Alckmin, correligionários apontavam esta como uma das mais difíceis eleições para o partido desde que Mário Covas venceu Francisco Rossi, em 1994. Não faltavam, afinal, pontos frágeis a defender – como índices de segurança pública, a ameaça de uma crise de abastecimento de água e denúncias de corrupção em licitações de trens e metrô. De fato, o governador foi o principal alvo dos adversários nos últimos 90 dias. Paulo Skaf, do PMDB, cresceu e incomodou. Mas sem que Alexandre Padilha, do PT, o terceiro poste de Lula, tenha decolado, a eleição de Alckmin em primeiro turno não parece estar ameaçada. 

Se derrotou o PSDB na capital paulista há dois anos, com a vitória do prefeito Fernando Haddad, Lula encara agora o risco de uma derrota histórica no estado com Padilha. O ex-ministro da Saúde segue um ilustre desconhecido para a maior parte dos milhões de eleitores paulistas – apesar dos 35 milhões desembolsados pela campanha até agora. Pesquisas indicam que 70% dos eleitores no Estado ainda não sabem quem é Padilha. O pior pesadelo dos petistas é que o ex-ministro tenha nas urnas um desempenho muito abaixo dos tradicionais 30% dos votos obtidos pelo partido na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes.

Padrão chuchu – O grande ativo do governador entre os eleitores é a imagem pessoal de gestor honesto e trabalhador. Mas o triunfo de Alckmin é também resultado de sua capacidade de articulação política. Apenas para o pleito desse ano, ele conseguiu estruturar uma coligação que conta com nada menos do que quinze partidos. Alckmin é considerado no partido uma figura capaz de apaziguar ânimos. Orquestrou pessoalmente a candidatura de José Serra ao Senado, apartando rachas no tucanato. Não à toa, deve terminar essa corrida eleitoral com um imenso capital político. Caso o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, fique fora do segundo turno, o governador despontará naturalmente como a maior força do partido para as eleições de 2018. 

"A estratégia de Alckmin é 2018. Disso não há dúvidas. Se Aécio não vencer, ele será o candidato do PSDB à Presidência”, avalia Carlos Melo, cientista político e professor do Insper. Segundo o analista, que classifica o governador natural de Pindamonhangaba como "um paulista com sagacidade mineira", Alckmin mantém os pés em duas canoas: trabalha para impor uma forte derrota a seus principais adversários em São Paulo e, ao mesmo tempo, mira o futuro

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