domingo, 22 de março de 2009

Iron Maiden anima 25 mil pessoas em show em Brasília

Karla Nascimento
Direto de Brasília

"É difícil abandonar essa platéia", disse Bruce Dickinson, agachado no palco diante de uma multidão extasiada de 25 mil pessoas que se aglomerou no estádio Mané Garrincha, em Brasília, para ver a lenda viva do rock entoar os agudos que lhe fizeram a fama.


Já se passavam quase duas horas de show e o bis do Iron Maiden, uma das bandas de heavy metal mais aclamadas do planeta, ainda presentearia os fãs com mais seis músicas, a começar pela icônica The Number of The Beast.

Foi uma apresentação construída para calar os críticos que insistem em dizer que o sexteto inglês é datado e só agrada aos saudosistas da adolescência passada nos anos 80. Ao menos três gerações cantaram em uníssono clássicos como Wrathchild, Run for the Hills e a belíssima Fear of the Dark, adivinhando cada música já nos primeiros acordes.

A seleção primorosa do set list da turnê Somewhere Back in Time superou carências técnicas e o som menos que perfeito do show - meio abafado, com dificuldade para chegar ao final da pista e já algo prejudicado próximo às arquibancadas.

Já na terceira música a platéia tinha esquecido o coro de "aumenta o som". O carisma de Dickinson faz a platéia se render a cada gesto do vocalista. Uma ameaça de briga no início do show se desfez só com uma piada do líder da banda. "Deixem isso para o show da f... Liza Minelli", apela Bruce, bem humorado.

E a discussão está terminada. Basta o vocalista erguer um braço em saudação e a audiência inteira imita o gesto do mestre dos vocais, cantando não só os refrões das músicas, mas cada verso das canções do Iron, sem errar.

O jovem Eric Dalton, de 16 anos, entoava as músicas que ouve desde os oito com o mesmo entusiasmo da veterana Vânia Carvalho. "Conheci o Iron Maiden há uns 20 anos e eles continuam perfeitos", disse Vânia, sem disfarçar a tietagem pela banda.

A simplicidade do cenário, não mais do que imagens gigantes de capas dos discos da banda, celebraram os melhores anos da donzela de ferro. A pirâmide/templo egípcio estilizados de Powerslave estava lá. A bandeira inglesa e o jaquetão vermelho do uniforme da guarda real britânica envergado pelo vocalista repetem a capa de The Trooper, ao fundo do palco.

Diferente das apresentações passadas no Brasil, a turnê desse ano repetiu no país o formato das apresentações na Europa, com o impecável jogo de luzes e fogos de artifício. Chamas enormes erguem-se ao refrão: "Six six six/ the number of the beast/six six six/ the one for you and me". E, é claro, há Eddie.

Provavelmente a múmia mais popular do mundo. É um monumental Eddie de mais de três metros de altura, olhos vermelhos e sorriso sádico, que percorre o palco e domina os comentários ao fim do show, já do lado de fora do estádio. Em qualquer barraquinha de cachorro-quente nos arredores do Mané Garrincha, é sobre a múmia gigante que os fãs comentam.

Jovens, maduros ou beirando a terceira idade, os metaleiros que se reuniram em Brasília para ouvir o Iron tocar deixaram longe a imagem de arruaceiros que preocupava os pais de outrora.

A própria presença de palco de Bruce Dickinson refletia o comportamento do público: o rosto maduro, a energia adolescente e uma voz que não sentiu os efeitos do tempo deram o tom de excelência da apresentação. Definitivamente, a face dos metaleiros mudou. Só permaneceu inalterada a paixão pelo melhor do rock.

E, o melhor de tudo, eles prometem estar de volta em 2011.

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