domingo, 1 de março de 2009

'3 Macacos' é exemplar de cinema moderno da Turquia


Divulgação

Com o drama 3 Macacos, o cineasta turco Nuri Bilge Ceylan venceu o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes de 2008. O festival francês é, aliás, o maior responsável pela divulgação internacional de seu trabalho.

Lá foram exibidos, por exemplo, Climas (2006), que estreou no Brasil só em 2008, e Distante (2002), vencedor dos troféus de melhor ator e o Grande Prêmio do Júri naquele festival, mas que continua inédito em circuito comercial brasileiro.

Em 3 Macacos, como é seu estilo, Ceylan aposta na valorização dos primeiros planos dos seus protagonistas, o que exige a escalação de atores capazes de transmitir emoções complexas não raro num único olhar.

E consegue isso de seu admirável trio de intérpretes, Yavuz Bingöl, Hatice Aslan e Ahmet Rifat Sungar, respectivamente como o pai, a mãe e o filho de uma família pobre corrompida por um político (Ercan Kesal).

No começo da história, o político Ercet (Ercan Kesal) atropela e mata uma pessoa numa estrada, numa noite chuvosa, em que ele dirigia com muito sono. Ele foge e convence, então, seu motorista Eyüp (Yavuz Bingöl) a assumir o crime, para não enfrentar um escândalo na véspera de uma nova eleição.

Como compensação, faz-lhe a promessa de uma boa soma em dinheiro no final da pena de prisão que o motorista terá de cumprir, além de garantir mensalmente seu salário à mulher e ao filho.

Tentando realizar um sonho profissional do filho deslocado no mundo, Ismail (Ahmet Rifat Sungar), a mãe Hacer (Hatice Aslan) recorre ao político para um empréstimo em dinheiro. O encontro leva à sedução da mulher e acelera a desagregação moral deste núcleo familiar, que esconde outros traumas. O principal deles, a morte de um filho quando criança (Gürkan Aydin) - que aparece, como fantasma, em duas cenas memoráveis.

O título remete à famosa imagem dos três macacos, um que não vê, outro que não ouve, outro que não fala, que traduz a incapacidade de comunicação que afeta todos os membros da família. Em pinceladas rústicas, sem muitos diálogos, o filme requer a participação ativa do espectador para preencher suas lacunas e escutar a fundo a alma dos personagens.

Reuters

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