terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Seu Nelson, personagem símbolo do Copo Sujo, morre aos 76 anos em Campo Grande

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                                              Reprodução Redes Socias


Figura conhecida e querida pelos frequentadores do tradicional bar Copo Sujo, no bairro Sol Nascente, região do Monte Líbano, em Campo Grande, Nelson Hokama morreu na madrugada desta segunda-feira (15), aos 76 anos. Conhecido como “Nelsinho”, ele estava internado desde a semana passada e faleceu após sofrer uma parada cardíaca.


Segundo a filha, Gisele Hokama, de 46 anos, Nelson começou a passar mal na segunda-feira anterior, apresentando falta de ar. Ele foi levado às pressas para o hospital, onde já deu entrada em estado grave e precisou ser entubado. “Desde então ele ficou internado assim, até hoje de madrugada, por volta das quatro e pouco”, relatou.


Mais do que um bar, o Copo Sujo se consolidou ao longo das décadas como um espaço de convivência e memória afetiva da Capital. Mesas largas de madeira encaixada, cadeiras antigas, fogões reaproveitados e um ambiente simples sempre marcaram o local, que se tornou ponto de encontro de diferentes gerações. Em reportagem publicada pelo Campo Grande News em 2012, seu Nelson brincava que no bar “só comprei os copos”.


Antes de se tornar bar, o espaço funcionava como a Mercearia Gisele, aberta por Nelson na década de 1980, após anos trabalhando como vendedor do Café Rincão. O nome foi uma homenagem à filha. Com a construção de um supermercado ao lado, a mercearia perdeu movimento e o local passou a funcionar apenas como bar, ganhando fama e se firmando como reduto de advogados, médicos, empresários, políticos e moradores da região.


Mesmo aos 76 anos, Nelson mantinha uma rotina diária de trabalho. “A vida dele era o bar. De dia, de noite, ele estava aqui”, contou Gisele. Ele deixa quatro filhos e sete netos. Sobre o futuro do Copo Sujo, a família ainda não decidiu. “Não pensamos nisso ainda. Meu pai sempre tocou o bar junto com meu tio, o irmão mais velho dele. Agora a gente não sabe o que vai ser feito”, disse.


Frequentadores antigos lembram do clima acolhedor e da personalidade marcante de Nelson. “Era um japonês engraçado, divertido. Todo mundo tinha conta anotada no caderninho. No fim da tarde, o pessoal se juntava para jogar bozó e tomar cerveja. Sempre estava cheio”, recorda Ronaldo Kousurian Ribeiro, de 57 anos.


O deputado estadual Paulo Duarte (PSB), frequentador assíduo do Copo Sujo, destacou a importância de Nelson para a boemia tradicional de Campo Grande. “Era um bar raiz, daqueles que só têm cerveja. Um dos últimos desse tipo na cidade”, afirmou. Ele lembra que esteve no local há duas semanas e encontrou seu Nelson como sempre: com uma caneta na orelha e uma palavra-cruzada na mão.


Para o parlamentar, a morte de Nelson Hokama representa a perda de um pedaço da história da cidade. “Com ele vai uma parte da história dos botecos de Campo Grande. Era uma figura muito querida, um grande amigo. A atração do Copo Sujo sempre foi o Nelson e o Maurício [irmão do Nelson]”, concluiu.

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