sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Polícia investiga dois falsos médicos suspeitos de envolvimento na morte de oito pessoas em São Paulo

 

                                            Divulgação Polícia Civil 

  • Suspeitos usavam nomes e registros de profissionais do interior paulista

  • Falsos médicos atenderam por dois anos no Hospital Jardim Helena, na zona leste da capital


A Polícia Civil de São Paulo investiga a atuação de dois falsos médicos em um hospital particular da zona leste da capital paulista. Segundo a apuração, homens sem formação nem registro profissional teriam atendido mais de 8.000 pacientes ao longo de dois anos. Oito dessas pessoas morreram após passar por consulta dos suspeitos.


Cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta terça-feira (16) no Hospital Jardim Helena, onde os atendimentos ocorreram. Procurado, o hospital não respondeu ao contato. De acordo com o delegado José Mariano de Araújo Filho, do 22º DP, os investigados utilizavam nomes e números de registro de CRM (Conselho Regional de Medicina) pertencentes a médicos do interior paulista, que não têm relação com o caso.


Um dos suspeitos é o biomédico Mayke César Silva, 33, que se passava por médico usando o registro profissional de Mike Florentino, formado pela Universidade de Marília. O médico não foi localizado pela reportagem.


De acordo com o delegado, Silva não utilizava dados próprios no cadastro do hospital. A conta bancária usada para o pagamento de seus serviços estava em nome de uma parente, que também é investigada. A polícia tentou prendê-lo na segunda-feira (15), mas ele não foi localizado.


O segundo suspeito ainda não foi identificado. Ele atuava com o nome e o CRM de Nicolas Della Matta, formado pela Faculdade de Medicina de Catanduva. O médico disse à Folha que foi informado pela Polícia sobre a investigação e aguarda novas informações.


Inicialmente, os dois se apresentavam como pediatras e, posteriormente, passaram a atender como clínicos gerais. Em dois anos, realizaram mais de 8.000 atendimentos, segundo a polícia. O inquérito apura os crimes de exercício ilegal da medicina, estelionato, uso de documento falso e homicídio doloso.


A investigação aponta que ao menos oito pacientes atendidos pelos falsos médicos morreram. "As famílias procuraram a delegacia e solicitamos a exumação dos corpos", afirmou José Mariano. A perícia analisa os procedimentos realizados.


Em um dos casos, uma paciente deu entrada na unidade com sintomas de dengue e apresentou piora do quadro, evoluindo para parada cardíaca. Segundo o delegado, a tentativa de reanimação agravou a situação. "Houve lesões internas graves, no fígado, no pulmão e em outros órgãos", disse.


Luísa Monte

Folha de São Paulo

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