sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Bola está com o Ocidente, diz Putin sobre a Ucrânia

 

                                             Alexander Kazakov/Sputnik/AFP

  • Em entrevista coletiva anual, líder diz querer paz em 2026, mas reafirma seus termos para encerrar a guerra no vizinho

  • Presidente afirma que pode suspender ataques caso Zelenski aceite realizar eleições, como sugeriu Donald Trump



O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta sexta-feira (19) que a paz na Ucrânia por ele invadida em 2022 depende agora dos apoiadores ocidentais de Kiev aceitarem seus termos, que incluem cessão territorial e neutralidade militar do vizinho.


"A bola está inteiramente na quadra os nossos ditos oponentes ocidentais, o chefe do regime de Kiev e seus patrocinadores europeus", afirmou na sua entrevista coletiva anual, com o usual sarcasmo a se referir ao presidente ucraniano, Volodimir Zelenski.


Putin afirmou que fez concessões a pedido do presidente americano, Donald Trump, que está tentando costurar um acordo de paz até o fim do ano. Mas não as detalhou, preferindo dizer que a guerra só acabará quando suas "causas profundas".


Ele voltou a se referir às demandas apresentadas em junho de 2024, refeitas em documento um ano depois, para o fim do conflito. Elas deram à luz um documento conjunto russo-americano no mês passado, que já foi e voltou a mesas de negociação.


Trump quer que Zelenski aceite perder território, e o ucraniano diz aceitar se houver garantias robustas de segurança para evitar novos ataques russos. Pela ordem das conversas, a próxima rodada será entre americanos e russos.


"Nós também gostaríamos muito de viver em paz no próximo ano, livres de quaisquer conflitos militares. E repito: gostaríamos muito, e nos esforçamos para, resolver todas as questões controversas por meio de negociações", disse Putin.


Ele zombou do vídeo que Zelenski filmou num marco de entrada da cidade de Pokrovsk, que os russos anunciaram ter tomado, para dizer que era uma mentira. "O sinal está localizado fora da cidade, cerca de 1 km de distância. Bom, por que ele está parado lá? Entre, certo?", disse, sugerindo o controle do local.


Putin elogiou Trump, como de costume, dizendo que o americano está "fazendo um grande esforço" para achar uma saída para a guerra, e que relatou as exigências russa na cúpula entre os dois no Alasca, em agosto. Voltou a dizer que os líderes europeus da aliança militar Otan "estão se preparando para uma guerra" que a Rússia não tem interesse em lutar.


"O movimento da infraestrutura militar [da Otan] em direção às nossas fronteiras continua a nos preocupar. Não estamos pedindo nada extraordinário, não estamos dizendo que os países não têm o direito de se defender. Mas precisa haver um étodo que não ameace os outros", afirmou.


O presidente disse apoiar a ideia, ventilada por Zelenski após pressão de Trump, da realização de eleições na Ucrânia mesmo com a guerra em curso, o que não é possível legalmente hoje. Afirmou que a Rússia "daria condições de segurança" para tal.


Putin comentou a desistência da União Europeia de usar reservas russas congeladas na Bélgica como lastro para um empréstimo a Kiev. Segundo ele, chamar a proposta de furto não seria correto, pois "é um roubo à luz do dia".


Igor Gielow

Folha de São Paulo

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