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Com a chegada de janeiro e o início do calendário de pagamentos tributários, os campo-grandenses se deparam com um cenário que promete pesar — e muito — no bolso. O Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de 2026 chega com reajustes que variam de 7% a até 396%, índice que tem causado indignação entre contribuintes e reacendido o debate sobre a política fiscal adotada pela prefeita Adriane Lopes (PP).
Sob o risco de ter o nome inscrito na Dívida Ativa e sofrer outras sanções administrativas, o cidadão não tem alternativa: ou paga o imposto reajustado ou enfrenta as consequências impostas pela Prefeitura. O que mais chama atenção, no entanto, é a contradição entre o discurso oficial da prefeita, que defende uma “gestão humanista”, e a prática administrativa marcada pelo aumento expressivo da carga tributária, atrasos em pagamentos e dificuldades financeiras enfrentadas pelo município.
Reajuste além da inflação
Oficialmente, o IPTU 2026 teria um reajuste de 5,32%, índice correspondente ao IPCA-E, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Contudo, a Prefeitura utilizou o mesmo parâmetro para atualizar a Planta Genérica de Valores (PGV), o que, na prática, elevou de forma significativa o valor venal de imóveis em diversas regiões da Capital.
A atualização da PGV, segundo especialistas, deveria ser precedida de uma Lei Complementar aprovada pela Câmara Municipal — algo que não ocorreu. A PGV é o instrumento que define o valor do metro quadrado de terrenos e edificações, considerando critérios como localização, infraestrutura urbana e serviços públicos disponíveis. Embora não avalie cada imóvel individualmente, a padronização por zonas e bairros acabou gerando aumentos considerados desproporcionais por muitos contribuintes.
A expectativa é de que dezenas, ou até milhares, de ações judiciais sejam protocoladas contra o município, questionando a legalidade e a razoabilidade dos reajustes.
Discurso e realidade
No início do mês, a prefeita Adriane Lopes apresentou o Plano de Equilíbrio Fiscal (PEF) como solução para garantir responsabilidade nos gastos públicos e ampliar investimentos na cidade. Em tom otimista, anunciou que mais de 33 bairros seriam contemplados com obras de pavimentação e infraestrutura.
Poucos dias depois, voltou às redes sociais para celebrar a adesão ao PEF ao lado da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. Na ocasião, destacou a liberação de uma operação de crédito de R$ 544 milhões, destinada a obras de pavimentação e drenagem, sendo R$ 156 milhões já autorizados pela Câmara Municipal. “Planejamento, transparência e responsabilidade fiscal para transformar nossa cidade”, afirmou a prefeita no vídeo institucional.
Entretanto, o discurso oficial contrasta com a realidade enfrentada pela população e por setores da própria administração pública. A Prefeitura acumula críticas por atrasos em pagamentos a empreiteiras, o que teria provocado a interrupção de serviços básicos, como o tapa-buracos, além da ausência de reajustes salariais para servidores municipais há anos.
Crescente insatisfação
Enquanto a gestão celebra empréstimos e projeta obras futuras, o presente dos campo-grandenses é marcado por aumento de impostos, serviços precários e incertezas financeiras. Para críticos da administração, a elevação abrupta do IPTU é mais um capítulo de uma política fiscal considerada pesada e desconectada da realidade econômica da população.
Assim, a prefeita Adriane Lopes segue sendo alvo de questionamentos sobre a coerência entre seu discurso de sensibilidade social e as medidas adotadas, que, para muitos contribuintes, aprofundam o sentimento de frustração e descrédito com a gestão municipal.
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