terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Seis militares são expulsos do Exército por agressão a soldado em SP

 

                                          Troca de mensagens entre soldado e cabo do Exército aconteceu no início da madrugada de sexta-feira (17) (Foto: Reprodução)



Seis militares investigados por agressão a um soldado do 13º Regimento de Cavalaria Mecanizado, em Pirassununga, foram expulsos do Exército Brasileiro, segundo o Comando Militar do Sudeste.


A vítima, de 19 anos, denunciou que a violência aconteceu em 16 de janeiro, quando estava estava organizando um espaço dentro do quartel e outros soldados disseram que ele teria que limpar uma câmara fria.


O jovem disse que ao chegar no local, foi agredido com remo de panela industrial, pedaços de ripa de madeira e teve a farda arrancada e uma vassoura quebrada na região do ânus.


Agora, os suspeitos vão responder como civis a processo na JMU (Justiça Militar da União).


O g1 questionou a instituição a quais crimes eles vão responder, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem. O IPM (inquérito policial militar), instaurado em 20 de janeiro e concluído na última semana, está sob sigilo.


Em nota, o Exército Brasileiro informou que "repudia, veementemente, a prática de maus-tratos ou qualquer ato que viole os direitos fundamentais do cidadão". Na semana passada, o soldado já foi ouvido pela primeira vez no processo na JMU.


O g1 tentou contato com as defesas dos militares, mas não tinha conseguido até a última atualização desta reportagem.


Afastado com licença médica por 90 dias


Depois de denunciar que sofreu agressão, o jovem vinha levando uma rotina à base de calmantes, conforme informou o advogado de defesa dele, Pablo Canhadas.


Em 24 de janeiro, o soldado passou por uma avaliação médica no próprio 13º RC, em Pirassununga.


Segundo Canhadas, ele foi afastado das atividades por 45 dias, com uma licença para buscar atendimento psicológico e psiquiátrico, e faz tratamento antidepressivo e antipsicótico. O advogado acrescentou que houve uma renovação na licença, por mais 45 dias.


O Exército não confirmou a informação sobre a licença médica ao g1. Apenas afirmou que "as informações de saúde são de caráter pessoal e de acesso restrito ao militar em questão".


A Polícia Civil enviou ao Exército Brasileiro documentos e uma suposta conversa entre o soldado que denunciou agressão e um dos colegas de corporação suspeitos de atacá-lo.


Em uma das mensagens, um militar identificado como cabo Douglas afirmou que a vítima "aceitou a brincadeira".


O g1 teve acesso a um trecho das supostas conversas enviadas ao Exército. (veja acima o print e abaixo a transcrição).


A reportagem questionou várias vezes o Exército se a troca de mensagens faria parte do material da investigação. A instituição, no entanto, respondeu apenas que "foi instaurado um IPM que corre sob sigilo, visando garantir a eficácia da investigação e a elucidação de um crime."


O jovem militar disse à polícia que a agressão aconteceu em 16 de janeiro. Na mensagem, supostamente enviada já no início da madrugada de sexta-feira (17), o cabo Douglas pergunta primeiro se o soldado está bem.


Veja o diálogo abaixo:


Cabo Douglas: "Tá tudo bem com você?"

Soldado agredido: "Bem como se me arrebentaram hoje, uma tortura, não sei nem o que vou fazer da minha vida. Acabaram com a minha vida seus fdp".

Cabo Douglas: "Não fizemos nada com você. Você aceitou a brincadeira".

Soldado agredido: "Brincadeira?"

Cabo Douglas: "Quero nem papo com você. Você aceitou".

Soldado agredido: "Você acha que é brincadeira que fizeram comigo?"

Cabo Douglas: "Você aceitou".


(Com g1 São Carlos e Araraquara)

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