quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Nísia é ovacionada por servidores em despedida no ministério e fala em 'papel histórico' de sua gestão

 





A socióloga Nísia Trindade foi fortemente ovacionada por servidores em cerimônia, realizada nesta quarta-feira (26), que marcou a sua despedida do comando do Ministério da Saúde. Em discurso, ela disse que a sua gestão teve o "papel histórico" de reconstruir as políticas da saúde.


Afirmou ainda que desejava permanecer no cargo durante os 4 anos do governo e se queixou dos dias de indefinição sobre a troca de ministro, mas sem citar o presidente Lula (PT).


"Tivemos esses episódios muito ruins nos últimos 10 dias, não são episódios para serem esquecidos, são para serem analisados. Na vida a gente tem de virar página, não arrancar. Ter o registro da memória, mas seguir em frente", disse Nísia.


A cerimônia de despedida, feita em prédio localizado na Esplanada dos Ministérios que abriga parte da estrutura da Saúde, foi acompanhada por dezenas de servidores. Eles aplaudiram a ministra e disseram, em coro, que Nísia é uma "guerreira da saúde brasileira".


Ao discursar, a ministra também pediu que a equipe da Saúde colabore com o médico e deputado federal Alexandre Padilha (PT), que foi escolhido ao comando da pasta.


O Palácio do Planalto confirmou a mudança no ministério na terça-feira (25), cinco dias após a Folha revelar que o presidente Lula (PT) havia decidido demitir a socióloga Nísia Trindade do comando da pasta. Atual ministro da SRI (Secretaria de Relações Institucionais), Padilha deve tomar posse no Ministério da Saúde no dia 6 de março.


"Tivemos o papel histórico, como equipe, de reconstruir o Ministério da Saúde, que é esse grande ministério de coordenação do maior sistema universal do mundo, o SUS", disse a ministra ao se despedir dos servidores.


Durante a cerimônia, integrantes da equipe de Nísia leram uma mensagem de despedida e destacaram o fato de ela ter sido a primeira mulher a chefiar o ministério.


"Quando o presidente me convidou [ao cargo], ele disse que era uma convocação. Eu aceitei para fazer o que fiz. Minha meta era ficar os quatro anos, mas faz parte da avaliação política do presidente saber o momento [da troca de ministro]", afirmou ainda a ministra.


A gestão de Nísia vinha sendo alvo de queixas de integrantes do Congresso, de membros do Palácio do Planalto e do próprio presidente, que chegou a fazer cobranças pela falta de uma marca forte na área. À frente da pasta, ela enfrentou uma sequência de crises, como por exemplo, a explosão de casos de dengue e a falta de alguns modelos de medicamentos e vacinas em todo o país.


Já aliados da ministra afirmam que a gestão de Nísia retomou políticas públicas e ampliou coberturas vacinais. Em 2024, o Brasil foi recertificado pela Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) pela eliminação de sarampo, rubéola e síndrome da rubéola congênita.


A mudança de Nísia ocorre num momento de baixa popularidade do governo federal. Há uma avaliação no Palácio do Planalto de que, nesse contexto, a pasta da Saúde tem potencial para apresentar e implementar políticas públicas de maior visibilidade, entre eles o Mais Acesso a Especialistas.

Mateus Vargas

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