quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Funeral de Jimmy Carter reúne últimos cinco presidentes americanos

 

                                            Foto: Arquivo

Carter faleceu no dia 29 de dezembro, aos 100 anos, e foi presidente dos Estados Unidos de 1977 a 1981


A cerimônia de enterro do ex-presidente americano Jimmy Carter gerou um encontro entre os últimos cinco presidentes do país: os democratas Bill Clinton (que governou entre 1993 e 2001), Barack Obama (2009 a 2017) e Joe Biden (2021 a 2025) e os republicanos George W. Bush (2001 a 2009) e Donald Trump (2017 a 2021 e que retornará ao cargo neste ano). A atual vice-presidente e candidata democrata derrotada por Trump nas eleições do ano passado, Kamala Harris, também esteve presente.


O corpo do ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter chegou na terça-feira ao Capitólio, em Washington, onde permaneceu até o funeral de Estado desta quinta-feira. Carter faleceu no dia 29 de dezembro, aos 100 anos, e foi presidente dos Estados Unidos de 1977 a 1981. Para a política internacional, Carter deixou uma imagem de pacificador comprometido com causas humanitárias, um trabalho que lhe rendeu o Prêmio Nobel da Paz, em 2002.


Os restos mortais do ex-presidente, natural da Geórgia (Sul), foram transportados de Atlanta em um avião até a base aérea de Andrews, próxima da capital americana.


Como Carter serviu nas Forças Armadas a bordo de submarinos, seu caixão foi levado ao Memorial da Marinha americana, onde foi transferido de um carro funerário para uma carruagem puxada por cavalos para um cortejo fúnebre até o Capitólio, em uma paisagem nevada.


Carter será o 13º ex-presidente americano a ser velado no Capitólio. Abraham Lincoln, assassinado em 1865, foi o primeiro. Na quinta-feira será realizado o funeral de Estado na catedral, onde os ex-presidentes Dwight D. Eisenhower, Ronald Reagan, Gerald Ford e George H.W. Bush receberam o último adeus antes de Carter.


Biden decretou que as bandeiras sejam hasteadas a meio mastro durante 30 dias, o que inclui o dia 20 de janeiro, data da posse do presidente eleito republicano Donald Trump. Carter será enterrado em sua cidade natal junto de Rosalynn, falecida em 2023 aos 96 anos e com quem esteve casado por 77 anos.


Legado

Carter também recebeu elogios por seus esforços humanitários após deixar a presidência e foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 2002. Sua política em relação à América Latina refletiu esses valores. Sua administração denunciou os abusos das ditaduras militares no Cone Sul, retirou o apoio ao regime de Anastasio Somoza na Nicarágua e se comprometeu a devolver o Canal do Panamá aos panamenhos.


O caixão de Carter, coberto por uma bandeira, foi transportado do Capitólio dos Estados Unidos, onde estava em câmara ardente, até a catedral, por uma guarda de honra composta por membros das Forças Armadas em uniforme de gala. Seu neto, Joshua Carter, fez um discurso durante o funeral para homenagear o último presidente da "Maior Geração".


Steven Ford, filho do ex-presidente Gerald Ford, também discursou e leu o sermão que Carter havia solicitado inicialmente.


"A honestidade era sinônimo de Jimmy Carter", disse Ford ao ler o discurso. "Ele demonstrou essa honestidade ao longo de sua vida como oficial da Marinha, legislador estadual, governador, presidente e líder mundial. Para Jimmy Carter, a honestidade não era uma meta aspiracional, era parte de sua própria alma", acrescentou Steven Ford.


O presidente Biden fez o discurso fúnebre para seu amigo democrata, como Carter havia pedido na última vez em que se encontraram, há quatro anos. Biden alertou contra o "ódio" e o "abuso de poder".



"Temos a obrigação de não deixar espaço para o ódio e de enfrentar o que meu pai considerava o maior dos pecados, o abuso de poder", disse Biden em seu elogio fúnebre, no qual elogiou a "força de caráter" de Carter,


"Um homem decente"

"Carter era um homem decente", disse Biden em uma entrevista ao USA Today. "Acho que Carter viu o mundo não daqui, mas daqui, onde todos os outros vivem", disse o presidente democrata, gesticulando com a mão acima da cabeça e em direção ao coração. O funeral foi realizado na catedral neogótica, onde outros ex-presidentes americanos, como Dwight Eisenhower, Ronald Reagan e George H.W. Bush, também foram homenageados.


O evento ocorreu dias antes de outro momento de grande mudança para os Estados Unidos, com o retorno de Trump ao Salão Oval. Obama apertou a mão de Trump e conversou brevemente com o bilionário republicano.


Houve também um breve momento de distensão entre Trump e seu ex-vice-presidente Mike Pence, que trocaram um aperto de mão. Esta foi a primeira vez que os dois foram vistos cumprimentando-se publicamente desde os distúrbios no Capitólio em 2021, quando Pence se recusou a apoiar as falsas alegações de Trump sobre a vitória de Biden nas eleições de 2020.


Cerca de 3.000 pessoas participaram da cerimônia religiosa nesta quinta-feira, declarado dia de luto nacional. Desde sábado, as bandeiras estão a meio mastro em todo o país, e uma série de homenagens ao democrata têm sido realizadas. Carter será sepultado na tarde desta quinta-feira na Geórgia, onde repousam os restos mortais de sua esposa Rosalynn, com quem foi casado por 77 anos.


Carter chegou a Washington em 1977 e desfrutou de dois anos com altos índices de aprovação. O final de seu mandato, no entanto, foi marcado pela tomada da embaixada dos Estados Unidos em Teerã por islamistas radicais em 1979 e pela segunda crise do petróleo. Carter "é um dos servidores públicos mais decentes e humildes que já vimos", disse Chuck Schumer, líder dos democratas no Senado


"Foi a personificação viva do que significa liderar com serviço, compaixão e sede de justiça para todos", concluiu.


Por O Globo — Rio de Janeiro

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