quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Tenente Portela organizou tentativa de golpe em MS, aponta Polícia Federal

 

                                              Ex-presidente Jair Bolsonaro e Tenente Portela



Fiel escudeiro de Jair Bolsonaro (PL) quando o capitão da reserva e ex-presidente serviu na unidade do Exército em Nioaque (MS), Aparecido Andrade Portela (PL), conhecido como Tenente Portela, tem um capítulo só para ele no inquérito da Polícia Federal que apura a tentativa de golpe de Estado liderada por Jair Bolsonaro.


A Polícia Federal reuniu vários diálogos entre Tenente Portela e o coronel Mauro Cid, elemento central da investigação, tramando um golpe ou discutindo as manifestações do dia 8 de janeiro, demonstrando preocupação com o dia seguinte e com as investigações.


“Os elementos de prova indicam que PORTELA atuou como um intermediário entre o governo do presidente JAIR BOLSONARO e financiadores das manifestações antidemocráticas residentes no estado do Mato Grosso do Sul. No final do ano, PORTELA era um frequentador assíduo do Palácio da Alvorada, visitando o então presidente da República constantemente”, afirmou a Polícia Federal em relatório disponibilizado nesta terça-feira (26) pelo ministro Alexandre de Moraes.


Nos diálogos interceptados entre Tenente Portela e Mauro Cid, Portela cobra o coronel sobre a “realização de um churrasco”. Segundo a PF, o churrasco era um codinome usado para se referir ao golpe de Estado. “O pessoal que colaborou com a carne está me cobrando se vai ser feito mesmo o churrasco”, disse Portela a Cid. “Pois estão colocando em dúvida a minha solicitação”, complementou.



Em resposta, Mauro Cid foi rápido: “Vai sim, ponto de honra, nada está acabado ainda nesta parte”, afirmou o coronel, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.


Cobrado insistentemente pelos colaboradores do acampamento localizado em Campo Grande, em frente ao Comando Militar do Oeste (CMO), Portela recebeu apoio de Cid. “Se quiser, eu falo com eles para tirar da sua conta”, garantiu Mauro Cid. Naquela altura, Portela vinha sendo pressionado por patrocinadores — empresários e proprietários rurais — por uma solução de ruptura institucional.


Portela imediatamente concordou: “Se eles vierem aqui em casa, eu ligo para viva vós [sic]”, respondeu, indicando que faria uma ligação em viva-voz ou mesmo uma chamada de vídeo.


A PF lembra que Aparecido Portela é amigo próximo de Jair Bolsonaro desde o período em que ambos serviram em Nioaque.


Nas eleições municipais, a filha de Portela, Ana Portela, foi eleita vereadora em Campo Grande.


Eduardo Miranda

Com o Portal Correio doEstado

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