Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo
Candidato em 1989, político se lança mais uma vez ao Planalto, critica câmeras em policiais e minimiza participação de seu partido no governo petista
Candidato à Presidência em 1989, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), volta a se colocar como postulante ao posto para o pleito de 2026, mirando o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro na disputa. Em entrevista ao GLOBO, ele também crava que seu partido, o União Brasil, não vai caminhar com Lula nas próximas eleições, apesar de a sigla ter três ministérios na Esplanada. Caiado ainda critica o uso de câmeras em uniformes de policiais e a tentativa de criar um Conselho Nacional das Polícias, proposta endossada pelo ainda ministro da Justiça, Flávio Dino, e sob análise pelo futuro sucesso Ricardo Lewandowski.
O senhor tem se colocado como pré-candidato à Presidência da República em 2026. O que o credencia para disputar?
Não é apenas um projeto que credencia alguém a disputar a Presidência da República. Acredito que o somatório de várias ações, hoje, faz com que eu me coloque como pré-candidato do União Brasil ao cargo. E me refiro tanto ao que faço no governo de Goiás, quanto o que fiz no Congresso, enquanto parlamentar. Também me coloco à disposição para disputar a Presidência por me orgulhar dos índices de educação, saúde e geração de empregos obtidos. Temos uma ação completa que me credencia.
O senhor buscará apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro?
Eu sou extremamente respeitoso em relação às decisões pessoais do ex-presidente Bolsonaro, mas não posso negar a importância do apoio dele na campanha. Tabalharei, sim, para ter o apoio dele à minha candidatura. Acho que nenhum martelo está batido, ainda estamos em um processo de avaliar gestões e os cenários possíveis até 2026. Eu não posso transferir para ele a responsabilidade da minha pré-campanha. Eu preciso é fazer por onde merecer este apoio. Mas ele conhece os meus valores apresentados desde a campanha de 1989, quando eu já defendia a propriedade privada e os valores conservadores. São justamente os valores despertados pelo bolsonarismo na população brasileira.
O seu partido, União Brasil, indicou três ministros do governo Lula. O que fazer, caso o União decida caminhar com o presidente?
O União Brasil é um partido de uma visão conservadora, e seguirá sendo. Hoje, caminha ao lado do governo nos projetos de interesse do país, mas não acredito que vá caminhar com o Lula nas eleições de 2026. Eu, por exemplo, administro um estado em parceria com prefeitos do PT e do PSB, mas não estarei no palanque deles.
Como avalia a proposta do ainda ministro Flávio Dino de criar um Conselho Nacional das Polícias?
Me dou bem com o Dino, nós fomos deputados juntos. Mas, sinceramente, tenho arrepios quando o ouço falar em criação de conselhos. Segurança pública não é feita de ouvir teóricos que nunca foram à frente. É necessário, sim, entender os motivos da falta de segurança em cada região ou estado. Mas não há uma forma única para tratar o problema da segurança do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte. Para mim, é necessário fazer uma integração entre as polícias Federal, Militar, Civil e Penal, com parcerias e salas de controles. As informações precisam ser compartilhadas entre as forças, e Brasília tem que dar mais autonomia aos estados.
E em relação a uma regulamentação para câmeras em fardas policiais?
Eu colocaria câmeras em bandidos, isso sim. Queria monitorar quem sai de presídios usando tornozeleiras. O Estado tem um gasto exorbitante para controlar o crime. Não vejo motivos para monitorar o policial. Para mim, a câmera não protege o policial de nada. Isso é uma tese de quem não quer realmente fazer a segurança pública no Brasil.
O senhor tem críticas duras ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Como vê a atuação do governo federal em relação ao movimento?
O governo federal não faz nada por esta questão, é omisso em relação a essas pessoas. E não é admissível que um cidadão que fala em nome do MST possa decidir qual é a fazenda que será invadida, em que prédio entrarão.
Bolsonaro diz sofrer perseguição política a partir das investigações tanto do 8 de Janeiro quanto das mais recentes. O senhor concorda com ele?
Eu não vou discutir as decisões do ministro (Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal) para fazer com que as operações ocorressem. Mas, se as operações realmente não tiverem o mínimo de resultado prático, vai ficar difícil dele explicar isto.
O senhor ainda não declarou apoio a um candidato à prefeitura de Goiânia. Quem vê como nome mais forte?
A convenção do União só ocorrerá em junho, e eu tentarei aglutinar o maior número de partidos em volta de uma candidatura. Hoje, quero dialogar com o Republicanos, MDB e PP, por exemplo. Mas, sim, eu gostaria que o União encabeçasse a chapa. Temos feito um trabalho em que é necessária uma parceria na capital.
Estratégia: Kalil e Pacheco miram 2026 e dividem PSD em Belo Horizonte
Goiás está entre os oito estados ainda não visitados pelo presidente Lula. Goiás é um ambiente pouco confortável para ele estar?
Eu sempre respeitarei a liturgia dos cargos, Lula nunca se sentiria desconfortável em Goiás. Ele ou qualquer presidente seriam bem recebidos por mim. A minha posição política e ideológica não se confunde, eu o receberia com todo cerimonial que se exige para a presença de um chefe de Estado.
Por
Gabriel Sabóia— Brasília
Nenhum comentário:
Postar um comentário