quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Deputado ajudou na fuga de traficante brasileiro ligado a facção

 



Um deputado paraguaio foi apontado como responsável pela fuga do narcotraficante brasileiro Ronaldo Nunes Marques, 40 anos, em dezembro do ano passado. Alvo de mandado de prisão no âmbito da Operação Sanctus, Ronaldo estava em Pedro Juan Caballero, cidade que faz fronteira com Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul, mas escapou do cerco montado pela Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) a pedido da Polícia Federal brasileira.


A informação citando o político paraguaio consta de decisão da 3ª Vara Federal em Campo Grande, publicada nesta segunda-feira, dia 29 de janeiro, que negou o relaxamento da prisão preventiva de Ronaldo e de seu irmão, Hermógenes Aparecido Mendes Filho, 49 anos. Ronaldo (que aparece no vídeo acima) segue foragido e Aparecido continua preso, recolhido em presídio de Campo Grande.



“Quanto a Ronaldo Mendes Nunes, relata a autoridade policial que o investigado estava na cidade de Pedro Juan Caballero na data da deflagração, em residência já identificada pelos integrantes da Senad do Paraguai sob monitoração para captura e posterior entrega às autoridades brasileiras, ocasião em que, segundo consta, foi ‘resgatado’ nesta residência por um deputado paraguaio, supostamente envolvido com o narcotráfico internacional, que teria atuado junto à Senad para impedir a entrega de Ronaldo à Polícia Federal do Brasil”, afirma o despacho.



O documento não cita o nome do deputado, mas o site Campo Grande News apurou que se trata de político com reduto eleitoral em Pedro Juan Caballero. Ligado a traficantes poderosos na linha internacional, o deputado já foi investigado por lavagem de dinheiro no Paraguai, mas o processo foi arquivado.


A reportagem procurou a Senad, mas a agência ainda não se manifestou sobre a acusação de que o político teria interferido para impedir a prisão de Ronaldo.


Empresários do tráfico – Ronaldo Mendes Nunes e Hermógenes Aparecido Mendes Filho são oriundos de Coronel Sapucaia, cidade separada por uma rua de Capitán Bado, onde o crime organizado impera. Ronaldo já havia cumprido pena por tráfico, mas Aparecido nunca tinha sido ligado diretamente ao comércio de drogas. Contra ele havia apenas uma apreensão de grande quantia em dinheiro não declarado.



Há dez anos, eles se instaram em Dourados e abriram um açougue na região do residencial Izidro Pedroso. Em pouco tempo, os irmãos prosperaram, se tornaram donos de empresas de transporte, propriedades rurais, casas e terrenos em condomínios de luxo.


Ronaldo também abriu em Dourados e Ponta Porã o Audaz Restaurante, estabelecimento de alto padrão com clientela formada por gente endinheirada.


Segundo investigação da Polícia Federal, os restaurantes – assim como as demais empresas do grupo – servem apenas de fachada para lavagem de dinheiro vindo do tráfico de cocaína e oficialmente não possuem um único funcionário com carteira assinada.


Ao longo dos últimos anos, vários caminhões ligados à quadrilha foram apreendidos pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) com cocaína escondida nos pneus. A PF assumiu as investigações e chegou aos irmãos.


A cocaína saía do Paraguai dentro dos pneus de caminhões e era levada principalmente para Maricá (RJ), de onde era despachada para a Europa de navio. No dia da operação, 160 quilos da droga foram apreendidos nesse barracão.


O motorista do caminhão, o batedor da carga e uma pessoa que cuidava do barracão no momento em que os policiais chegaram foram presos em flagrante.


Em Dourados, além de Hermógenes Aparecido Mendes Filho, foi presa a advogada Cristiane Maran Milgarefe da Costa, 28. Segundo a investigação, ela é amante de Aparecido e participava do esquema criminoso. No final de dezembro, Cristiane saiu da cadeia beneficiada por decisão da Justiça Federal que determinou prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica. 

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