Foto: OZAN KOSE / AFP, Lucas Figueiredo/CBF e RUSSELL CHEYNE / POOL / AFP
Há temor que vácuo de comando técnico gere queda de rendimento no Brasileiro, o que deixaria a Libertadores sob risco. Indefinição afeta renovação de jogadores
O vice da Copa do Brasil, sexto fracasso do Flamengo no ano de 2023, deixou a diretoria ainda mais exposta e pressionada por mudanças, que começarão com a saída de Jorge Sampaoli. Entregar a cabeça do treinador em uma bandeja é a estratégia repetida para estancar as críticas sobre os problemas internos que vão da Gávea ao Ninho do Urubu, e chegam até a torcida, revoltada com a condução do futebol do clube.
Os nomes de Tite e Jorge Jesus são debatidos como possíveis sucessores, mas há cobranças por uma reformulação mais estrutural e profunda em todo o departamento de futebol, passando também pelo elenco. O problema é que o ano ainda não acabou, e o Flamengo tem ao menos uma vaga na Libertadores para garantir para a temporada 2024, com 14 rodadas de Brasileirão pela frente.
Para isso, precisa de uma solução imediata para o comando da equipe, que enfrenta o Bahia no sábado, e terá uma sequência complicada pela frente: Corinthians, Cruzeiro, Vasco, Grêmio e Red Bull Bragantino. Há temor que o vácuo de comando técnico gere queda de rendimento, o que deixaria a Libertadores sob risco.
Desempregado após deixar o comando da seleção brasileira, Tite sinalizou que desejaria assumir um clube apenas no ano que vem, e Jesus está empregado no Al Hilal, da Arábia Saudita. O português é monitorado em função das informações dando conta de uma possível saída em caso de maus resultados, mas a ruptura é improvável e o retorno também.
O ex-técnico da seleção ainda sofre resistência no Flamengo, onde há clara preferência pelo português multicampeão entre torcedores e conselheiros. Já que nenhuma das duas alternativas é palpável de imediato até agora, o clube teria que pensar em outro nome para substituir Sampaoli até dezembro. Por isso, articula nos bastidores para tentar convencer Tite ao desafio de voltar antes da hora, no meio de uma temporada.
As conversas sobre os próximos passos se dão desde a chegada da delegação sob protestos ao Rio, na noite de domingo. Ao longo do dia de ontem, os dirigentes mantiveram contatos para tentar resolver a situação de Sampaoli antes da reapresentação do elenco na tarde de hoje. Landim foi até a Gávea, almoçou na sede, e ouviu de todos os lados que era urgente confirmar a saída do treinador, mesmo com a multa de quase R$ 15 milhões. Ciente de que não há clima para permanência, a saída deve ser sacramentada assim que houver substituto. Com Sampaoli, deixam o Flamengo o gerente Gabriel Andreata e mais cinco da comissão técnica. Vale lembrar que o Flamengo não possui uma comissão permanente, com profissionais do clube, e teria que subir funcionários da base como “tampões”.
O plano da direção era que o técnico argentino ajudasse a liderar um processo de reformulação mais profundo no elenco rubro-negro, com saídas e chegadas de jogadores. A troca de comando também deve atrasar essas negociações. As renovações de nomes como Bruno Henrique, Everton Ribeiro e Gabigol seguem congeladas. O novo treinador chegará com a missão de fazer a avaliação dos jogadores e indicar carências, o que Sampaoli já havia feito e não foi atendido como gostaria.
O treinador argentino, que despontou como uma esperança injustificada em meio a um começo de ano desastroso, não teve passagem feliz. O vice-campeonato da Copa do Brasil encerrou uma trajetória do que fica marcada na história como a terceira pior dos últimos quatro anos, desde que Rodolfo Landim assumiu a presidência do Flamengo. O mandatário, responsável pela contratação e permanência de Sampaoli no cargo, mesmo quando outros integrantes do conselho do Flamengo queriam a saída — vice de futebol, Marcos Braz defendia a demissão do técnico entre os jogos de ida e volta da final — está em seu segundo mandato e agora se prepara para contratar o 10º técnico. Landim termina seu mandato no fim de 2024, quando haverá novas eleições no Flamengo.
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