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As cotações do trigo, em Chicago, voltaram a subir nesta semana, chegando a atingir limite de alta no dia 25/07. Após isso houve um ajuste no movimento, com o fechamento desta quinta-feira (27) ficando em US$ 7,12/bushel, contra US$ 7,27 uma semana antes. Portanto, durante a semana o mercado chegou a bater nas melhores cotações desde meados de fevereiro passado, porém, recuou posteriormente.
A guerra entre Rússia e Ucrânia, com os novos desdobramentos da mesma, implicando em prejuízos às exportações ucranianas de trigo e milho, está no centro de tal comportamento de preços. Por outro lado, até o dia 23/07, as condições das lavouras do trigo de primavera, nos EUA, indicavam 49% das mesmas entre boas a excelentes, contra 68% no ano passado, na mesma época. Já o trigo de inverno, naquele país, estava com 68% da área colhida, contra 77% na média histórica para a data.
Enquanto isso, os EUA embarcaram 358.796 toneladas de trigo na semana encerrada em 20/07, ficando acima das expectativas do mercado. Com isso, o total embarcado no atual ano comercial, iniciado em 1º de junho, chega a 2,2 milhões de toneladas. Mesmo assim, 17% abaixo do realizado no mesmo período do ano anterior.
Em tal contexto, o mercado do trigo no Brasil assiste a uma pequena recuperação nos preços do cereal, enquanto aguarda a entrada na nova colheita, a qual começará em setembro no Paraná. A média gaúcha fechou a semana em R$ 66,00/saco, enquanto no Paraná o produto subiu para valores entre R$ 68,00 e R$ 69,00/saco.
No geral, o mercado nacional do trigo está cauteloso, e os preços locais, diante da última safra recorde e de uma expectativa de nova safra cheia do cereal, pouco se movimentam, embora o recrudescimento da guerra no Leste Europeu. "Além disso, existem notícias de vendas de trigo da safra velha paraguaia a US$ 280,00/tonelada CIF moinhos (cerca de R$ 1.325,00/tonelada ao câmbio de hoje). Apesar de serem volumes pequenos, servem de argumento para que os moinhos nacionais achatem suas ofertas. A indicação para o trigo paranaense, no CIF, fica entre R$ 1.460,00 e R$ 1.500,00/tonelada. O produtor paranaense segue pedindo entre R$ 1.480,00/1.500,00 no FOB, enquanto no Rio Grande do Sul o produtor estaria pedindo R$ 1.300,00/tonelada”, ou seja, R$ 78,00/saco. Valor muito acima do que está pagando o mercado já há algum tempo.
Assim, embora o clima possa ainda provocar fortes mudanças, diante de consumidores abastecidos e perspectiva de safra cheia, não há como o conflito atual no Leste Europeu elevar os preços internos do trigo, salvo uma surpresa. Ou seja, a estabilidade do mercado, que já vem de algum tempo, tende a permanecer até a colheita. Mesmo assim, o mercado já registra pequeno avanço de preço em relação aos seus piores momentos, ocorridos semanas atrás.
Para consolidar o quadro de estabilidade, com futuro viés de baixa, a iniciativa privada confirma estimativas de que a nova safra de trigo brasileira possa atingir a 11,5 milhões de toneladas, chegando a um novo recorde. A produtividade média esperada estaria em 3.240 quilos/hectare, sobre uma área que teria crescido 6,7% no país. Mas para muitos produtores, as lavouras não estão tão bem assim, indicando uma produtividade menor do que o esperado, o que reduziria a produção final. Além disso, no Rio Grande do Sul, o impacto do clima pesa sobremaneira nos meses de setembro e outubro. Portanto, há muita coisa ainda por acontecer até a safra estar colhida.
Dito isso, se a safra vier cheia, e o Brasil importar efetivamente 5,8 milhões de toneladas, como se projeta, os estoques finais do cereal irão crescer 165,8% na safra, para 2,56 milhões de toneladas. A relação estoque/uso ficaria muito boa, chegando a 14,3% em 2023/24, contra 5,3% em 2022/23. Neste caso, haverá forte pressão baixista sobre os futuros preços internos do trigo.
A análise é da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA
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