terça-feira, 30 de maio de 2023

Parecer do CRM suspende exames de corpo de delito a vítimas de violência

 

                                           Vista da Casa da Mulher Brasileira (Foto: Sejusp-MS/Divulgação)


As salas do Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) na Casa da Mulher e no Cepol (Centro Especializado de Polícia Integrada), em Campo Grande, deixaram de funcionar a partir de segunda-feira (29), segundo o portal de notícias G1.


Pouco menos de dois meses após inauguração, a sala do Imol, na Casa da Mulher, instalada para atender vítimas de violência não funciona mais. A decisão foi tomada após um parecer do CRM (Conselho Regional de Medicina).


Quem precisou passar por perícia médica, nesta segunda, encontrou a sala com as portas trancadas. A subsecretária de políticas públicas para mulheres de Campo Grande, que administra a Casa da Mulher Brasileira, diz que o fechamento pegou todos de surpresa.


"Nós ficamos sabendo neste sábado, o que nos causou surpresa e perplexidade. Fizemos a explanação de motivos, já que você facilita o acesso das mulheres ao exame de corpo de delito, que é importante pra materialidade do crime , no inquérito pessoal e ação penal", comentou Carla Stephanini.


A sala, que tem recepção e um pequeno consultório com maca e outros equipamentos, foi inaugurada no dia 31 de março, com a presença de diversas autoridades, mas, o espaço só funcionou por cinquenta e oito dias.


O atendimento de médicos legistas no local foi barrado pelo CRM, com base em uma resolução federal. O parecer diz que é vedado ao médico realizar exames médico e periciais de corpo de delito no interior dos prédios e ou dependências de delegacias, unidades militares, casas de detenção e presídios.


"Todo médico que fizer e realizar esse tipo de perícia dentro de uma unidade com essas características atuais, ele vai estar infringindo o código de ética médica e a resolução do CRM, podendo até mesmo sofrer sanções por ter realizado esse tipo de ato", ponderou o representante do conselho, Marcelo Santana.


Segundo a secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), só no mês de abril foram realizados 78 atendimentos no local. Em maio foram 52, um atendimento essencial para as vítimas, segundo a comissão de defesa da criança e adolescente da Ordem dos Advogados Brasileiros, em Mato Grosso do Sul.


"O sindicato dos médicos ressaltou que quando a resolução foi criada não existia casa da mulher brasileira no país e que o assunto precisa ser rediscutido pra que o serviço volte a funcionar. Com a sala fechada, as vítimas de violência têm que se deslocarem cerca de 10 quilômetros pra chegar até o Imol, que fica do outro lado da cidade", ponderou a presidente da comissão de defesa da criança e adolescente da OAB/MS, Maria Isabela Saldanha.

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