terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Resiliência Econômica posta à Próva

 

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Em especial aos produtores de grãos (milho e soja), que vem enfrentado pelo terceiro ano consecutivo os efeitos do fenômeno climático “La Niña” que, segundo a maioria dos modelos e dos institutos de metereologia vem prevendo o seu fim à partir de fev/mar de 2023. 

Na safra de 2021/2021 tivemos o primeiro e, de menor impacto, pois a estiagem agravou-se em fevereiro/21, na qual grande parte das lavouras de soja foi impactada, mas com perdas bem menores do que as de 2021/2022. O milho teve impacto insignificante naquela oportunidade, pois o ciclo da safra já havia sido concluído, restando pouco para a safrinha de milho.


Já, na safra de 2021/2022 o impacto do fenômeno de estiagem, foi muito maior na cultura do milho, cerca de 70% e na cultura de soja cerca de 50%.

E, nesta atual safra 2022/2023, igualmente o milho, o mais prejudicado, com perdas semelhantes à da safra anterior e perspectivas sombrias, mas já catalogadas por muitos produtores e entidades, estimadas em cerca de 40% a 50% mais uma vez.  


Portanto, esta sequência de perdas de produtividades, certamente tem impacto financeiro e, consequentemente econômico, pois, ainda no primeiro ano do fenômeno sequencial, houve uma mobilização intensa das entidades de classe, FARSUL, FETAG, entidades creditícias oficiais, oportunizando prorrogações de custeios e parcelas de investimentos com prazos significativos e, que muitos produtores, sem recorrer às informações do seu fluxo de caixa, lançaram mão daquelas oportunidades oferecidas, sem que houvesse real necessidade. Infelizmente, agora a situação se agravou, não apenas pela sequência do fenômeno, mas também pelo acúmulo de contas à pagar.


No ano passado, onde o agravamento do fenômeno foi maior, não houve sequer, nem se ouviu falar sobre as famosas prorrogações e, muitos produtores desta categoria de culturas (milho e soja) viram-se atordoados com seu fluxo de caixa insuficiente para atender aos compromissos de custeios e investimentos.  Por outro lado, as duas últimas safras de inverno, em especial o Trigo, foram excepcionais e acompanhadas de preços num novo patamar. Infelizmente nem todos aproveitaram esta oportunidade, visto que nossa área de trigo representa apenas 15% do total cultivado com soja, por exemplo. 


E, para agravar mais alguns pontos, tivemos também uma inflação de custos de produção (insumos) que, em alguns momentos do ano, chegou a 50% em relação à safra anterior, mas que não inviabilizaria as explorações, caso obtivessem safras normais. 


Todavia, nem todos tiveram o mesmo impacto negativo. Àqueles que já vinham com um bom sistema de gestão econômico-financeira sob controle, no qual dispunham de informações do seu Fluxo de Caixa, em equilíbrio, e que não se pode comprometer mais do que 50% do Lucro Líquido obtido (informações do DRE), que as imobilizações (verificadas no BP)não devem ultrapassar o limite de 80% do Ativo Total, que os Custos Fixos não podem ultrapassar o limite de até 25% da Renda Bruta, indicador extraído do DRE, souberam “surfar” na onda positiva de 8 anos seguidos (2011/2012 à 2019/2020), capitalizando-se neste período, investindo no Ativo Circulante (Caixa, Estoques, Insumos) ou Investindo do Passivo (diminuindo o endividamento histórico), mantendo sempre uma boa liquidez circulante e/ou geral. 


Estes produtores, fazem parte do grupo que denominamos de “Desvio Positivo”, pois atingem resultados econômicos e financeiros,bem melhores,  em relação aos seus pares, mesmo submetidos às mesmas condições climatológicas, mercadológicas e de políticas governamentais (variáveis incontroláveis do negócio).

Outra decisão estratégica em termos de investimentos (em especial para os que exploram em áreas próprias) é a Irrigação, para as culturas de sequeiro (milho e soja).


Curiosamente, do total de capital destinado à investimentos em 2021, apenas 3,8% foi destinado à sistemas de irrigação, (segundo levantamento da equipe econômica da FARSUL, publicado em 2022), mas com significativo aumento do volume de recursos em relação ao ano anterior 2020 que houvera sido de 1,80%. Parece que não temos ainda esta cultura. Vamos aguardar o que nos informará a FARSUL em relação aos recursos para este fim em 2022.

Meus caro amigos produtores, nunca é tarde para buscar melhoria no sistema de gestão econômico e financeira, mesmo estando dentro do “olho do furacão”.  Paciência, firmeza de propósitos são pontos positivos para atingir tais objetivos. 


Lembrando sempre, que embora tenhas um bom e consistente sistema de gestão financeira, isto não vai livrá-los daquelas variáveis incontroláveis, mas sim, com certeza vai deixá-los mais fortalecidos para enfrentá-las. 


Não exitem, busquem o quanto antes o auxílio de profissionais que possam lhes orientar para melhoria e/ou implantação do seu sistema de gestão econômico e financeira com as ferramentas adequadas para tal. Quais sejam: BALANÇO PATRIMONIAL, DRE e FLUXO DE CAIXA e, ainda de forma integradas. 

Mãos à obra, sucesso e bom trabalho!


Rogério de Melo Bastos

Economista – Consultor da R&S Training Rural Ltda

www.rstrainingrural.com.br

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