terça-feira, 28 de abril de 2020

Pesquisa mostra Campo Grande com baixo risco de colapso na saúde




Modelo matemático feito por pesquisadores leva em conta estrutura hospitalar

 Daiany Albuquerque

Pesquisadores de quatro universidades brasileiras fizeram modelo matemático que calcula o quão perto as estruturas de saúde estão do colapso, levando em conta a quantidade de pacientes internados por causa da pandemia causada pela Covid-19, o novo coronavírus. De acordo com o levantamento, Campo Grande seria a penúltima capital do Brasil a ficar sem vagas em unidades de saúde.

O estudo foi realizado observando a quantidade de respiradores, leitos clínicos, médicos clínicos, infectologistas e pneumologistas, número de casos confirmados do novo coronavírus e número de óbitos pela doença em cada cidade.

Segundo as informações, a medida foi feita levando em consideração dados disponíveis no dia 20 de abril deste ano, há oito dias. Nesse período, Campo Grande tinha 89 casos e dois óbitos. Até ontem, conforme o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES), eram 126 casos na Capital, com nove pessoas internadas até a tarde de domingo (26). O número de mortes continua o mesmo: duas mulheres haviam falecido por conta da doença até ontem.

O modelo criado, chamado pelos pesquisadores de Covid-Index, varia entre 0 e 1 o índice que indica a proximidade de colapso. Segundo a metodologia usada, “quanto mais próximo de zero, melhor é o desempenho da região na utilização da estrutura hospitalar para o combate ao coronavírus. Quanto mais próximo de 1, pior é o desempenho da mesorregião”.

CÁLCULO

Os dados usados na produção da Covid-Index foram tirados do departamento de informática do Sistema Único de Saúde, o DataSUS. No ranking criado com essas informações, Campo Grande aparece com 0,01, atrás apenas de Aracaju (SE), que tem índice 0. Por outro lado, cinco capitais aparecem com 1 de índice, o que indica colapso na rede de saúde. As piores situações estão em Manaus (AM), Macapá (AP), São Paulo (SP), Fortaleza (CE) e Palmas (TO). Algumas cidades que já têm a situação de colapso confirmada. Outras três estão em alerta: São Luiz (MA), com 0,92, Recife (PE), que tem 0,61, e Rio de Janeiro (RJ), com 0,59.

O modelo foi criado por pesquisadores da Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo (EESC/USP), Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Universidade Estadual Paulista (Unesp-Bauru) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Além do parâmetro sobre as capitais, o estudo também fez um recorte levando em consideração os estados e microrregiões do Brasil.

Entre os estados, levando em consideração o mesmo critério de avaliação, Mato Grosso do Sul ocupa a 24ª posição, com índice de colapso de 0,05 e atrás de Mato Grosso (0,04), Sergipe (0,02) e Tocantins (0). O aumento é puxado por alguns municípios do interior onde já há casos confirmados, internações e mortes.

ESTADO

Entretanto, entre as microrregiões analisadas, a primeira do Estado a aparecer está na 92ª colocação – a região de Nova Andradina, que tem índice de 0,35. O Alto do Taquari é a segunda de Mato Grosso do Sul a apresentar valor preocupante, com 0,26, na 124ª posição. Ao todo são oito microrregiões no Estado, das quais a de Campo Grande aparece em 306º lugar, com índice de 0,06.

Para o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, os números são fruto da agilidade que o governo e as prefeituras tiveram. “Fomos proativos, construímos a ampliação de leitos, trabalhamos em conjunto com a prefeitura de Campo Grande e com as do interior e já conseguimos adicionar 111 leitos de UTI no Estado”, declarou.

Resende ressalta que isso não continuará a ser suficiente se a população não colaborar com o distanciamento social. “Estamos construindo tudo paulatinamente. Precisamos retardar a curva, por isso o isolamento é essencial. Esses números [isolamento] decaíram um pouco e pode ter grande impacto”.

Ao todo, Mato Grosso do Sul tem 684 leitos de UTI, sendo cerca de 300 deles em Campo Grande, entre rede pública e privada. Desse total, 151 estão reservados para pacientes com Covid-19 em todo o Estado, e até ontem de manhã, apenas quatro eram usados.

Com informação do portal Correio do Estado

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