quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Inadimplência diminui, mas endividados não recuperam crédito

EDUARDO MIRANDA

O índice de inadimplência voltou a cair em Campo Grande no mês de julho. Em comparação com o mês anterior, o volume de pessoas que não estão em dia com seus compromissos financeiros na Capital recuou 0,8%. Em todo o ano, o mesmo índice apresenta um recuo de 5,6%. Para o economista Vitor França, da Boa Vista SCPC, empresa que comanda a maioria das operações de proteção ao crédito no Brasil, a queda na inadimplência continua sendo um reflexo das incertezas na economia e do baixo consumo.

“A economia está em compasso de esperar. O desempenho econômico no primeiro semestre frustrou as expectativas do mercado. O consumidor tem apresentado um comportamento muito cauteloso”, explicou França.

Em Mato Grosso do Sul, os números são semelhantes aos da Capital. De junho para julho, o recuo na inadimplência foi de 0,7%, e no acumulado do ano foi de -6,1%. Quando comparado com o julho do ano passado, a quantidade de consumidores que não pagam suas dívidas em dia é 6,8% menor. A justificativa para os dados do Estado, conforme França, são as mesmas para a Capital.

SEM SAÍDA

Se o número de inadimplentes está caindo, a queda no índice de recuperação de crédito também se faz presente. Este índice diz respeito às pessoas que ficam com o nome limpo e deixam os serviços de proteção ao crédito.

Em Campo Grande, o recuo foi de 3% de junho para julho e, no acumulado do ano, a queda da taxa da recuperação de crédito chega a 13,7%. No comparativo entre os meses de julho de 2019 e de 2018, a baixa é ainda mais expressiva: 17,8%.
“Esta é a outra face da inadimplência. Mostra que, embora o número de inadimplentes esteja menor, aquelas que têm restrição de crédito têm dificuldade de sair desta lista, e a causa está diretamente ligada à capacidade de pagamento das dívidas”, afirma Vitor França.

Em Mato Grosso do Sul, a recuperação de crédito foi 3% menor de junho para julho e, no ano, já caiu 13,2%.
A expectativa do economista é que, com a liberação dos saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que começa no dia 3 de setembro, a taxa de recuperação de crédito aumente. “É natural que muitos usem o dinheiro para pagar dívida ou para consumir”, analisa.

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