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terça-feira, 29 de maio de 2018
Criticado por emocional em 2014, Thiago Silva vê Brasil de Tite forte mentalmente
Por Globo Esporte
O choro na disputa de pênaltis contra o Chile na Copa de 2014 marcou a carreira de Thiago Silva. Nos últimos quatro anos, o zagueiro do PSG ouviu críticas e questionamentos sobre seu lado emocional. E teve de falar do assunto mais uma vez em sua primeira entrevista coletiva na preparação da Seleção para o Mundial da Rússia.
Thiago conversou com os jonalistas nesta terça no CT do Tottenham, no norte de Londres, palco da segunda etapa da preparação da Seleção para a Copa. Em busca de uma vaga no time titular de Tite, o defensor disse que encara o assunto com naturalidade e que o emocional nunca o atrapalhou dentro de campo.
"Encaro naturalmente. Sou assim e acho que o mais importante de tudo é que nunca me atrapalhou dentro de campo. Todos os jogos procurei ao máximo estar concentrado para exercer a função da melhor maneira possível. Nem todo mundo pensa igual, todos temos sentimentos. Quando você tem uma perda, uma vontade de conseguir e não consegue naturalmente deixa o emocional chegar. Todo mundo é assim. Lembro que após a Copa tive uma perda muito grande e me deixou muito mal, que foi não ter visitado meu padrasto antes de ir para a Europa. Isso me deixou com uma culpa muito grande porque ele veio a falecer", D.
Confira outros trechos da coletiva:
DISPUTA POR POSIÇÃO NA ZAGA
- Primeiro que os dois são grandíssimos jogadores, já demonstraram isso. Miranda até mais na sua carreira, Marquinhos por estar iniciando muito bem. A briga é sadia, a competitividade é boa e pode elevar o nível de concentração. A gente procura dar o melhor. Se ele vem citando os três, até mesmo o Geromel em fase extraordinária no Brasil, estão em condições de jogar. Nem sempre quem começa termina, mas pode acontecer uma lesão que não permita um jogador de jogar. Mas ele tem quatro jogadores que podem entrar a qualquer momento e dar conta do recado - disse.
CHANCES DA SELEÇÃO
- Expectativa é muito boa por tudo o que a gente vem apresentando nos jogos. Desde a chegada do Tite a gente teve um nível de atuação incrível e é isso o que estamos buscando, estar sempre em alto nível. Temos agora um confronto difícil no domingo, como vai ser o de estreia na Copa contra a Sérvia. A responsabilidade vai ser muito grande.
DISPUTA POR VAGAS NA EQUIPE
- Todas as posições, se você parar e ver, a disputa é muito grande. Vocês podem observar nos treinamentos que a concorrência é muito grande. De repente em um treinamento em que você não está tão preparado, isso pode dificultar na disputa pela titularidade. Todos fizeram boas temporadas, agora é dar sequência na nossa preparação. Os amistosos são importantíssimos para a gente chegar bem na reta final da preparação.
PRESSÃO PELO TÍTULO
- Eu acho que cada grupo teve a sua dificuldade. É mais que natural numa Copa ter situações dessa. Quando você não ganha você é chamado de fracassado, mas no futebol tudo pode acontecer e por isso temos que estar preparados para tudo. O que o homem pede de estar mentalmente forte. No jogo contra a Alemanha sofremos fora, mas em nenhum momento deixamos de estar fortes mentalmente, principalmente depois do 7 a 1. Esse resultado que não era esperado por ninguém. Acho que Tite e a comissão prepararam bem o time para ter uma boa atuação. Acho que a gente está bem preparado. Se a gente for olhar esses exemplos, é claro que isso nos motiva a ir para a Copa e ganhá-la.
CRISE NO PAÍS INTERFERE?
- Não digo interferência direta no nosso trabalho porque é uma outra situação. A gente fica triste porque somos brasileiros e temos familiares no Brasil. Num dia de folga antes de vir para Londres, você procura postos para colocar gasolina, meu carro ficou na garagem. A tristeza bate porque somos todos brasileiros e queremos um Brasil melhor. Não afeta diretamente a Seleção mas nos dá motivação para nos preparar da melhor maneira possível e tentar levar essa Copa para o Brasil para dar um pouco mais de alegria para o povo.
RELAÇÃO COM A RÚSSIA
- O momento para mim de muita felicidade pode me sentir no auge da minha carreira, uma temporada que fiz muito boa. Retornar para mim é tristeza e felicidade ao mesmo tempo por tudo o que passei em 2005. O Ivo foi meu anjo da guarda no país por não permitir uma cirurgia no pulmão. Já tive a possibilidade de disputar um amistoso lá, mas disputar uma Copa certamente vai ser um sentimento diferente para mim. Espero que possa voltar à Rússia e ser campeão lá.
AUSÊNCIA NO 7 A 1
- Para mim foi muito difícil. Você estando de fora, por mais que você tente passar forças positivas, não pode ajudar diretamente no jogo. De fora você vê muita coisa que poderia ter sido feita diferente, mas não pode nem gritar porque ninguém te escuta. No intervalo tentei falar para motivar. No primeiro tempo levamos cinco, ninguém esperava aquele resultado. Para mim foi mais difícil estar fora. Muitos me falaram que foi um livramento para mim, mas me sinto culpado como todos os que estavam dentro de campo. A frustração foi de todos nós.
CHEGADA DE FIRMINO
- Acredito que não é um momento complicado. Eles chegaram onde todos gostariam, uma final de Champions. Acho que a temporada dele foi brilhante, assim como a do Liverpool. A chegada dele foi uma surpresa porque esperávamos na quarta na hora do almoço, mas ele se colocou à disposição antes. Hoje já estava na academia com aquele sorriso muito lindo. Ele merece tudo o que está passando na carreira porque ser esse moleque humilde, simpático. Espero que a gente possa terminar a Copa diferente da forma como ele terminou a Champions.
PREPARAÇÃO EM LONDRES
- Para mim é sempre bom jogar em casa com a torcida como foi em 2014. Claro que não gostaríamos que terminasse como foi. Em todas as cidades eram uma festa incrível. A gente não deixava isso nos distrair, mas era lindo de ver. Infelizmente o resultado final não foi da maneira como gostaríamos, mas se você me perguntasse se eu gostaria de jogar de novo uma Copa em casa, claro que gostaria.
NEYMAR
- Eu converso com ele, é mais que natural. A gente está no dia a dia juntos. Ele ficou muito tempo no Brasil após a cirurgia, mas acho que está com a cabeça tranquila, fazendo bons treinamentos. Claro que não está no nível do grupo por ter ficado três meses parado, mas é um moleque inteligente e sabe o que quer. O que procuro passar é que sempre após uma situação difícil na sequência vêm as coisas boas. Essa fase não vai durar para sempre. O que passo é que esteja preparado. Como tive muitas lesões sei como é difícil voltar após um período longo. Mas ele está tranquilo se preparando para estreia.
RODÍZIO DE CAPITÃES
- Acho que é normal. O Tite é muito inteligente, deixa a gente MUITO à vontade. Acho que todos temos responsabilidades independentemente de quem entra com a faixa. Felipão sempre me deixou muito à vontade, inclusive em conversas. Ele me escutava ou não, mas a gente tinha um entendimento muito legal. Acho que não é o momento de a gente falar de faixa, porque não vai ter uma situação negativa. O homem é muito inteligente. Por ser o mais experiente e ir para a terceira Copa eu me sinto um líder, assim como Gabriel, que vai ser capitão agora.
GEROMEL
- A qualidade técnica. É um jogador muito frio, concentrado no que está fazendo. Não perde quase nunca a concentração. Erros nós temos, somos humanos, é normal que erre. Mas se você vir o nível de concentração no treino, isso fez com que ele chegasse aqui. As pessoas falam que jogador bom está na Europa, mas ele demonstrou isso com o Grêmio. Tive o Renato como o treinador e sei o que ele passa para o Geromel. Ele é um cara aberto para trocar ideia, e isso facilita para ele e todo o grupo.
ACERTO DE FABINHO NO LIVERPOOL
- Primeiramente é um jogador muito inteligente, muito técnico, que com certeza tenho na minha cabeça que vai se adaptar muito bem. Mudou de posição no Mônaco de lateral para volante e já no primeiro jogo foi muito bem, não deve ter dificuldade. Não sei o que o Klopp pensa em relação a ele, mas é um jogador que pode ajudar em qualquer posição. Com certeza o Liverpool vai estar muito bem representado.
EVOLUÇÃO NOS ÚLTIMOS 4 ANOS
- A cada ano que passa a gente vai melhorando. É inevitável, a experiência vai chegando. Hoje vivo uma das melhores fases da minha carreira com 33 anos, a situação de ser um pouco velho, mas me sinto como um garoto, procuro dar o meu máximo sempre. Acredito que o grupo esteja muito bem preparado pelo que fizemos com o Tite, mesmo nos dois anos com o Dunga, apesar das dificuldades que encontramos. Tivemos um aprendizado muito grande, por isso estamos numa Copa do Mundo, que é o auge. Temos a possibilidade de reescrever a nossa história. Não temos que prometer título, mas sim boas atuações porque estamos nos preparando da maneira que tem que ser. O Tite fala: Podem ficar tranquilos, que para a estreia, que para o próximo jogo domingo, vocês vão estar bem.
BRASIL PODE ENCANTAR COMO 70 E 82?
- Cada geração era se porta de uma maneira, não gosto de fazer comparações com outras seleções, outros jogadores, outras características. Eles tiveram êxitos em suas gerações, estamos buscando isso também. Estamos próximos de nosso objetivo, mas ao mesmo tempo muito longe. Antes da estreia temos dois amistosos que vão nos dar confiança para estrear e estar bem para a Copa.
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