quinta-feira, 1 de junho de 2017

ESTREIA–Elenco se destaca em “Inseparáveis”, remake argentino de sucesso francês



 Milionário tetraplégico, cansado de ser tratado por enfermeiros bem-comportados e castradores, contrata jovem sem qualquer experiência para ser o seu cuidador. O resultado disso é a mudança radical na vida de ambos. Não por acaso, a sinopse do argentino “Inseparáveis” lembra o francês “Intocáveis”. A comédia latina é uma refilmagem praticamente ipsis literis do europeu, mudando apenas a língua.

Oscar Martínez (“O Cidadão Ilustre”) é o ricaço Felipe, vivendo em sua mansão sob os cuidados de diversos empregados, especialmente sua assistente, Ivonne (Alejandra Flechner). Viúvo, tem uma filha adolescente (Rita Pauls), e uma paixão platônica, com quem se corresponde por cartas, sem nunca terem se visto. O filme, cuja adaptação e direção são de Marcos Carnevale (“Coração de Leão – O Amor Não Tem Tamanho”), começa com o protagonista entrevistando novos enfermeiros – nenhum funcionário dura muito tempo no cargo.

Uma série de homens bem-intencionados, mas sem agradar a Felipe, são cogitados, mas quem chama a atenção é o assistente do jardineiro Tito (Rodrigo de la Serna). O rapaz, sem qualificações ou experiência, vive de bicos. É um “faz-tudo”, como ele mesmo se define. O gênio enfezado e a falta de bons modos do candidato chamam a atenção de Felipe, que o observa da janela e decide dar-lhe uma chance.

A partir daí, “Inseparáveis” não foge muito ao previsível – e nem é preciso ter visto o original francês (este baseado numa história real contada em dois livros, pelo patrão e o enfermeiro) para saber onde isso vai terminar. Mas, é preciso admitir, Martínez e De la Serna fazem o seus trabalhos com tanto gosto e brio que trazem um inesperado frescor à história – que também ganhará um remake hollywoodiano, com Bryan Cranston e Kevin Hart, nos papeis principais. Há notícias também de uma possível adaptação brasileira, cogitada para ser estrelada por Leandro Hassum.

Tito tem uma vida dura, viveu de pequenos expedientes, foi criado pela tia que também enfrenta problemas com o filho menor, morando num subúrbio de Buenos Aires. No original francês, existe também esse pano de fundo do personagem, mas ele é negro, o que insere uma nova camada de problematização, eliminada aqui. Felipe, por sua vez, não parece tão turrão, na versão argentina, e a química entre os dois logo entra em ação, colocando o filme nos trilhos.

Carnevale, no entanto, não é dado a sutilezas e força nas oposições (bom comportamento x audácia, cultura clássica x popular, racionalidade x emoção), assim como na trilha sonora, onipresente, ultrapassada e assinada por Gerardo Gardelín, que é o ponto mais baixo do filme.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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