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quinta-feira, 22 de junho de 2017
ESTREIA–Premiado em Veneza, drama de guerra “Frantz” expõe contrastes entre França e Alemanha
Não é a primeira vez que o celebrado diretor francês François Ozon realiza um filme de época, como faz em “Frantz”, uma coprodução entre França e Alemanha, ambientada em 1919, logo depois do fim da I Guerra Mundial.
Ozon já ambientou em épocas diferentes da atual filmes como “Gotas D’Água sobre Pedras Escaldantes” (2000), “8 Mulheres” (2002) e “Potiche –Esposa Troféu” (2010), entre outros.
Uma diferença é que agora parte também de um outro filme, “Não Matarás” (1932), do alemão Ernst Lubitsch, transformando o enredo, especialmente, na segunda parte, para dar maior peso e densidade à personagem feminina, Anna (Paula Beer).
Vencedora do prêmio Marcello Mastroianni, dedicado a jovens revelações, no mais recente Festival de Veneza, Paula encarna uma jovem alemã cujo noivo, Frantz (Anton Von Lucke), foi morto na recente guerra. Ela vive com os pais dele, o médico Hans Hoffmeister (Ernst Stötzner) e sua mulher, Magda (Marie Gruber), passando os dias entregue ao luto. Um dia, descobre que alguém mais está colocando flores no túmulo de Frantz.
O responsável pelas flores é um jovem francês, Adrien Rivoire (Pierre Niney), que relata uma antiga amizade pelo morto. Depois de uma breve resistência do pai de Frantz --abalado pelo rancor contra os franceses, inimigos na guerra--, Adrien passa a frequentar a casa dos Hoffmeister, como uma espécie de filho substituto, capaz de evocar os dias passados com Frantz, em passeios pelo Louvre e a Orquestra de Paris.
Também para Anna, Adrien torna-se uma companhia substituta, especialmente por suas afinidades literárias e musicais com o noivo morto. Há um segredo, no entanto, prestes a vir à tona e que mudará inteiramente a natureza das relações entre Anna e Adrien.
Dividido em duas partes, uma passada na Alemanha, outra na França, o filme de Ozon desdobra seus incidentes num ritmo compassado e elegante, permitindo alterar pontos de vista, entre Adrien e Anna --esta última, uma novidade em relação ao filme original de Lubitsch.
Essa alternância de países e línguas permite igualmente colocar no centro da história a rivalidade entre os dois povos e a intolerância, de um e de outro, diante dos nacionais do outro país, devido aos rancores da guerra recém-terminada.
Predominantemente filmado em preto-e-branco, o filme torna-se colorido em certas partes, num trabalho de grande beleza, de autoria de Pascal Marti, vencedor de um prêmio César.
Essa alternância de cor colabora intensamente para as atmosferas intimistas da narrativa, que ganha mistério e ambiguidade a partir de uma série de sugestões e meias-verdades que se revelam, afinal, outra coisa.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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