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quinta-feira, 23 de março de 2017
ESTREIA– “Power Rangers” transforma-se num filme genérico
“Se vocês não são capazes de morfar, vocês não são os Power Rangers”, diz a voz metálica de um rosto gigante – cortesia de Bryan Cranston – numa nave espacial dentro de uma caverna subterrânea. Quando essa frase é proferida em “Power Rangers”, ela se transforma num problema, pois já estamos na metade do filme - se esses garotos realmente não são os heróis esperados, por que estamos acompanhando sua história há mais de uma hora?
Morfar, para os não iniciados, significa algo como trazer sua armadura de dentro para fora – eles não as vestem como se fossem roupas, os “trajes” estão dentro de si. Mas, para que isso ocorra, é preciso que exista mais do que amizade entre o quinteto: são necessários laços de confiança.
E aí está um dos maiores problemas desse filme genérico sobre a origem dos heróis: eles demoram demais a morfar, e até que finalmente o façam, parte da plateia já bocejou meia dúzia de vezes.
O filme conta desde o começo mesmo, explicando que os Rangers são um time intergaláctico estabelecido nos planetas onde há vida para proteger um cristal. Um membro da equipe, Rita Repulsa (Elizabeth Banks) se rebelou, quis mais poder e acabou responsável por destruir todo o grupo. Mas a consciência de Zordon (Cranston) foi carregada no computador da nave espacial por um robô, e ficou à espera dos novos Rangers.
Agora, mais de 60 milhões de anos depois, numa mina decadente, num lugar chamado Alameda dos Anjos, na Califórnia, um grupo de adolescentes descobre por acaso moedas com a capacidade de lhes dar poder e força.
O grupo, que mal se conhece e se encontra no local por acaso, é formado por Jason (Dacre Montgomery), cuja carreira como jogador de futebol americano acabou quando foi preso roubando um boi e agora é obrigado a usar uma tornozeleira, que monitora seus horários e locais onde vai; o especialista em tecnologia Billy (RJ Cyler), que se diz ter sido diagnosticado dentro do espectro do autismo; o bad boy Zack (Ludi Lin); a ex-líder de torcida Kimberly (Naomi Scott); e Trini (Becky G), que enfrenta problemas com a família por ser lésbica. Todos eles frequentam a detenção, na escola, aos sábados.
Cada um assumirá uma cor e terá uma função dentro do grupo de heróis. Mas até que isso aconteça, é preciso aguentar seus problemas pessoais e de aceitação da nova realidade. Dirigido por Dean Israelite (“Projeto Almanaque”), o filme custa a começar – em outras palavras, só começa quando finalmente eles são capazes de morfar, que, no fundo, não é nada além de vestir suas roupas coordenadas por cores, embora Zordon insista que é mais do que isso.
Ele, por sua vez, tem um interesse especial nisso, pois uma vez que os jovens comecem o processo, ele terá força suficiente para voltar à vida e derrotar Rita, que foi resgatada do mar por pescadores e agora anda pelas ruas da Alameda, causando destruição e caos enquanto tenta juntar ouro suficiente para trazer à vida uma criatura gigante chamada Goldar. Esta a ajudará a conseguir o cristal, que está enterrado em algum lugar debaixo da cidade.
“Power Rangers” é uma tentativa de retomar a franquia, duas décadas depois do último filme, “Turbo: Power Rangers 2”, a sequência de “Power Rangers: O Filme”, de 1995. Os longas de cinema sumiram desde então, embora a série de televisão continue firme desde 1993, com mais de 20 temporadas. Aqui, atualiza-se não apenas a história dos personagens, como também a tecnologia e a relação deles com esta.
O que há de bom neste filme fica para a meia hora final, quando o embate entre o quinteto e Rita e seu monstro de ouro finalmente acontece. O que começa parecendo uma mistura de “Clube dos Cinco” com “X-Men” caminha para algo que lembra um “Transformers” ainda mais genérico do que o original. De qualquer forma, os personagens, ao final, estão morfando como se não houvesse amanhã, e apontam para o começo de uma nova franquia, dependendo do sucesso deste longa.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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