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quinta-feira, 29 de dezembro de 2016
ESTREIA–“Invasão Zumbi” é sagaz em sua representação da sociedade
O título nacional genérico dá conta da ótima premissa de “Invasão Zumbi”: um pai e uma filha viajando de trem quando a composição é tomada por mortos-vivos. Simples e eficiente, como o filme de terror sul-coreano, escrito e dirigido por Yeon Sang-ho e um dos maiores sucessos de bilheteria em seu país.
Um pai e uma filha pequena, cujos laços andam meio abalados, são os protagonistas. O ator Gong Yoo é Woo Seok, jovem executivo milionário, que se separou da mulher, e mora em Seul, onde tem a guarda da garota, Soo-an (Kim Soo-an). Ela está magoada porque ele não foi à sua apresentação na escola, e também é seu aniversário. Ele conhece tão pouco a menina que dá para ela um presente que ela já tem. Triste, ela diz que a única forma de compensar o equívoco é levá-la para Busan, onde mora a mãe.
A jornada deve ser feita de trem e não é muito longa --pouco mais de uma hora, com algumas paradas. Mas não são apenas humanos que embarcam na composição. Horas antes, uma praga eclodiu na cidade, contaminando pessoas e transformando-as em zumbis. Pouco se explica o fenômeno e como aconteceu (perto do final há um esboço de explicação). Mal o trem parte de Seul, os passageiros e tripulação começam a ser atacados.
Entre eles, também estão Sang-hwa (Ma Dong-seok) e sua mulher grávida, Sung-kyung (Jung Yu-mi), um grupo de adolescentes indo para um jogo de beisebol e um executivo rico e pedante, Yong-suk (Kim Eui-sung).
Todos são mais tipos humanos do que personagens realmente desenvolvidos, mas terão seus “minutos de fama” antes de sucumbirem, ou não, às dentadas dos zumbis. Yeon, com seu filme, busca mais fazer um comentário social do que apenas causar sustos e arrepios. Nesse sentido, chama a atenção que a trajetória da contaminação comece exatamente com a classe trabalhadora: a tripulação do trem.
Uma mistura de “Expresso do Amanhã” com “Extermínio”, “Invasão Zumbi” é veloz e furioso, no seu trem de alta velocidade e pessoas temendo por suas vidas. A limitação espacial funciona a favor dos zumbis, é claro. Para manter os personagens centrais vivos, o diretor inventa malabarismos impressionantes.
Logo de cara, pai e filha mostram comportamentos distintos. Quando a menina oferece seu assento a uma idosa, ele diz: “Em momentos como esse, você deve se preocupar apenas consigo mesma”. Ele, no entanto, durante a viagem deverá mudar de opinião.
Outro comentário de fundo político pode ser identificado quando uma televisão mostra pessoas zumbificadas atacando umas às outras na rua e alguém (que não sabe o que está acontecendo) comenta: “Antigamente, eles seriam reeducados”. Nesse sentido, o individualismo --cada um por si, tão exaltado por Yoo e personificado pelo executivo Yong-suk-- pode ser um sintoma do fracasso de qualquer projeto mais comunal.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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