domingo, 20 de novembro de 2016

Grão-de-bico do Brasil é exportado a Dubai






Dois contêineres com 24 toneladas de grãos-de-bico cada estão a caminho do Porto de Paranaguá, no Paraná, de onde partirão rumo a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e Colômbia. Trata-se da primeira exportação da leguminosa produzida em solo brasileiro, mais precisamente no município de Cristalina, no estado de Goiás, onde, com suporte da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o produtor Osmar Artiaga começou uma plantação do grão-de-bico.

O embarque contou com apoio da Agrícola Ferrari, empresa sediada em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul,  e especializada na produção e exportação de milho de pipoca. “É uma parceria pessoa física com pessoa jurídica. Eu sou o único produtor de grão-de-bico em grande escala no Brasil e a Agrícola Ferrari tem interesse em vender o produto lá fora, especialmente nos países árabes e na Índia, onde o consumo de grão-de-bico é grande”, explica Artiaga.

O projeto, de acordo com o produtor, ainda está em fase experimental. Artiaga planta a leguminosa em uma área de 300 hectares e colherá cerca de 600 toneladas este ano, volume que representa pouco mais de 10% do consumo brasileiro de grão-de-bico – no ano passado o País importou cerca de 7 mil toneladas. “Nossa intenção é produzir 15 mil toneladas por ano e abastecer o mercado doméstico e competir no mercado externo”, conta.

Os planos de Artiaga e da Agrícola Ferrari, caso o produto seja bem aceito lá fora, incluem a produção de grão-de-bico em Campo Novo do Parecis, no estado do Mato Grosso, em uma área de 10 mil a 15 mil hectares. Já em 2017 deverão ser plantadas as primeiras sementes, também de forma experimental: o produtor procurará os melhores solos, testará plantações em diferentes épocas do ano para ver como o clima influencia no crescimento do grão-de-bico.

O projeto é para o longo prazo: as exportações em grande volume deverão ocorrer só em 2019 ou 2020. “Queremos um produto competitivo e, nesse ponto, o Mato Grosso ajuda, pois os grandes terrenos permitem a produção em grandes volumes e de forma homogênea. Também não são necessários grandes investimentos, pois o mesmo maquinário usado na soja ou no milho serve para o produto”, diz.

Artiaga, que é agrônomo, trabalha com grão-de-bico desde 2008. A leguminosa foi tema de seu mestrado – “O melhoramento genético do grão-de-bico”. Encontrou na Embrapa, que pretende viabilizar a produção local da leguminosa, uma parceira. O pesquisador Warley Nascimento passou um período no Centro Internacional de Pesquisa Agrícola em Áreas Secas (Icarda), no Líbano, para aprender mais sobre o produto.

“O Osmar foi meu aluno de mestrado e logo se interessou em multiplicar a produção”, conta Nascimento. “Usamos duas variações do grão-de-bico mais adequadas ao solo e ao clima brasileiro: a BRS Aleppo e a Cícero. A produtividade brasileira é muito maior”, diz.

“Sou um produtor de trigo, milho, soja e feijão. Parti para o grão-de-bico porque acredito no potencial: conseguiremos viabilizar um produto com preço muito competitivo no mercado internacional”, afirma Artiaga.

Embora pouco consumido por brasileiros, o grão-de-bico é parte importante da alimentação e da culinária indiana e dos países árabes. Se no Brasil o consumo não chega a 10 mil toneladas por ano, em todo o mundo gira em torno de 10 milhões de toneladas.


ANBA - Agência de Notícias Brasil - Árabe

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