Divulgação de acontecimentos culturais, na cidade de Campo Grande MS, e Estado, shows,teatro,cinemas.
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
ESTREIA–Amy Adams tenta se comunicar com alienígenas em “A Chegada”
A saída visual para isso é ótima: círculos complexos e ao mesmo tempo delicados que comprimem em si mais do que palavras. A questão central da primeira parte do filme é decifrar esse código linguístico. Quando, afinal, isso acontece, a questão é ouvir e entender o que a dupla de aliens --apelidados de Abbott e Costello-– tem a dizer e a oferecer. Aí, entra a nossa pouca compreensão do mundo e do estrangeiro.
Em meio a seu processo de decifração, Louise começa a ter visões envolvendo aquela menina vista no começo do filme. São rápidas lembranças que a desestabilizam e, com o tempo, trazem a profunda ressonância emocional de “A Chegada”.
A questão, como fica claro, não é compreender os ETs, mas entendermos uns aos outros. O grande acerto do filme é fazer uma ficção científica com todas as peculiaridades e questionamentos do gênero, conferindo o sentimento sem cair em sentimentalismos baratos.
Esse universo é construído com perfeição técnica graças à fotografia de Bradford Young (“O Ano Mais Violento” e “Selma”), que transita entra o intimismo de um close e o sentido épico de um plano mais aberto dando a dimensão do tamanho das naves diante do humano; e a trilha sonora do islandês Jóhann Jóhannsson --constante colaborador de Villeneuve-- que, mais do que músicas, cria aqui uma sucessão de ruídos que poderiam tanto ser gritos quanto sussurros dos alienígenas ou de alguma entranha forma humana.
Nada disso funcionaria se não fosse a profunda percepção de Amy Adams de sua personagem. Ela tem que construir uma Louise vivendo no presente, mas afligindo-se pelo futuro. É possível fugir do destino? Existe um determinismo do qual podemos escapar? E, então, a linguagem seria a ferramenta e a saída, segundo o longa.
A grande utopia em “A Chegada” é o que fazemos com a informação que nos é dada. E, a partir disso, Villeneuve compõe um belo filme.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
Nenhum comentário:
Postar um comentário