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quinta-feira, 28 de julho de 2016
Filme: “Jason Bourne” atualiza personagem com trama de espionagem digital
Reuters
Jason Bourne (Matt Damon) está de volta. Mais letal do que nunca, e desmemoriado como sempre.
Depois de um desvio no quarto filme da série – “O Legado Bourne”, no qual o personagem sequer aparece –, o ator e o cineasta Paul Greengrass retomam a trilogia – “A Identidade Bourne”, dirigido por Doug Liman (nos outros creditado como produtor), de 2002, “A Supremacia Bourne”, de 2004, e “O Ultimato Bourne”, de 2007 – neste filme de ação divertido e facilmente esquecível, que poderia ser protagonizado por qualquer espião atormentado – embora seja inegável que o fato de ser o bom e velho Bourne adiciona alguma camada.
Escrito por Greengrass e o editor do filme, Christopher Rouse, “Jason Bourne” tem um ritmo frenético e uma trama globe-trotter, com ações acontecendo em Atenas, Londres e Las Vegas. Como o passado do personagem ainda é coberto de mistério, cada novo filme revela uma nova peça da qual ele não se lembrava, e desencadeia a ação.
Agora trata-se do pai do personagem, Richard Webb (Gregg Henry), sua morte não explicada e como isso está relacionado ao recrutamento do jovem Jason, na época, chamado David.
A trama de Jason em busca do seu passado se interconecta com outra sobre vigilância e liberdade na internet, num plot à la Edward Snowden, envolvendo o alto escalão da CIA – representado por Robert Dewey (Tommy Lee Jones) – e um jovem magnata da tecnologia, Aaron Kallor (Riz Ahmed), que não quer mais colaborar com a agência após lançar uma nova plataforma de mídia social.
Bourne, no entanto, depois de contatado por sua ex-colaboradora, Nicky (Julia Stiles), entra na mira da CIA, numa operação sob o comando de Dewey, e a novata Heather Lee (Alicia Vikander), jovem ambiciosa e interessada em subir na hierarquia na agência. O escalado para eliminar o protagonista é Asset (Vincent Cassel).
Tecnicamente, o filme é impressionante – especialmente duas cenas de perseguição – e a câmera semidocumental de Greengrass é, como sempre, eficiente. Por isso mesmo, não há surpresas, não se sai da zona de conforto.
A trama da espionagem na internet tenta trazer alguma relevância, além de colocar o filme mais no presente. Mas “Bourne” continua sendo testosterona pura e, como James Bond, as personagens femininas, mais cedo ou mais tarde, são descartáveis – alguém se lembra de que Franka Potente era o interesse romântico do personagem no primeiro filme? Ou da participação da brilhante Joan Allen nos dois filmes seguintes?
Tudo ocorre mais ou menos como se espera de um filme Bourne dirigido por Greengrass, e essa é sua maior qualidade, mas também seu defeito. A sorte do cineasta é que até sua zona de conforto é interessante.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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