quarta-feira, 23 de março de 2016

Governo anuncia força-tarefa para buscar 1,6 mi de jovens fora da escola


Folhapress

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anunciou que o governo irá fazer uma busca ativa de 1,6 milhão de estudantes de 15 a 17 anos que estão fora do ensino médio. A etapa é considerada o principal "gargalo" da educação básica no país.

Segundo Mercadante, equipes de saúde da família e assistentes sociais devem integrar a busca, que será feita em parceria com governos estaduais e municipais, a partir de um diagnóstico da evasão nesta etapa de ensino.

A ideia é tentar trazer de volta os jovens que deixaram a escola para que estes retomem os estudos. O ministro, no entanto, evitou falar em metas e prazos para a iniciativa.

"Identificamos um a um desses jovens, qual o nome, qual o bairro e último vínculo com a escola pública. Vamos montar uma força-tarefa para visitar essas famílias e apresentar uma série de possibilidades para que esses jovens voltem para a escola", afirmou.

Dados do censo de educação básica 2015, divulgado nesta terça-feira, mostram que o índice de acesso e permanência na escola diminui de 96,8%, aos 14 anos, para 73,4% aos 17 anos.

O novo censo também aponta uma nova queda no número de matrículas no ensino médio, a maior registrada nos últimos seis anos.

Em 2015, o país registrou 8.074.881 matrículas nesta etapa de ensino nas redes pública e privada, uma redução de 2,7% em relação ao ano anterior, quando havia 8.300.189 matriculados no ensino médio. Para comparação, entre 2013 e 2014, a queda foi de 0,15%.

A reformulação do currículo, a expansão da oferta de ensino profissional e o aumento da jornada escolar - de quatro para cinco horas diárias - são medidas em estudo para tentar atrair o jovem para o ensino médio, ofertado em 28 mil escolas do país.

NOVO EXAME

Ainda segundo Mercadante, o ministério deve ofertar ainda neste ano um novo exame para a certificação de conclusão do ensino médio.

Hoje, o candidato acima de 18 anos pode recorrer ao Enem para confirmar que encerrou a educação básica. Agora, a ideia é manter o Enem, mas ofertar uma segunda opção de exame - assim, haveria uma avaliação disponível para certificação a cada semestre.

A proposta de uma nova avaliação, em estudo desde janeiro, visa atingir principalmente os estudantes do EJA (educação de jovens e adultos).

"O Enem, como está selecionando os jovens para medicina, engenharia, é muito mais sofisticado. Vamos fazer um exame específico só para o jovem se certificar. Vão ter duas chances no ano", afirmou o ministro. "O Enem é muito pesado para quem está só se certificando", disse.

OUTROS DADOS

Além de uma queda no número de matrículas no ensino médio, os dados do novo censo apontam uma redução no número de matrículas no EJA (educação de jovens e adultos) - passou de 3.592.908, em 2014, para 3.431.829 no ano passado, uma queda de 4,5%.

"Preocupa que vem caindo a demanda e o número de matrículas", afirma o ministro, que aposta na junção com o ensino profissional, por meio do Pronatec, para conter a queda.

Os dados apontam ainda que há uma parcela expressiva de alunos jovens no EJA, o que indica que alguns alunos têm deixado o ensino regular por essa modalidade de ensino.

Para o Ministério da Educação, no entanto, o ideal seria que todos os alunos pudessem concluir o ensino na idade esperada e no ensino regular.

CRECHE E PRÉ-ESCOLA

Na outra ponta, o censo aponta que o número de crianças matriculadas na creche vêm crescendo no país, mas ainda está longe das metas do Plano Nacional de Educação, que prevê que 50% das crianças de até três anos tenham esse atendimento. Hoje, no entanto, esse percentual é de 24,6%. Ao todo, são 3 milhões de crianças nesta etapa.

  
Já o número de matriculados na pré-escola, que abrange alunos de 4 e 5 anos e vinha crescendo nos últimos anos, teve queda em 2015. Em 2014, a pré-escola somava 4.964.015 matrículas. No último ano, esse número passou para 4.916.525.

Os dados também apontam uma nova queda de matrículas no ensino fundamental, tendência que já vinha sendo observada nos últimos anos, concentrada principalmente na rede pública. Ao todo, a etapa abrange 27 milhões de alunos em escolas públicas e privadas.

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