quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

“Como Ser Solteira” dribla alguns clichês da comédia romântica



Com um clima relaxado e reflexivo, “Como Ser Solteira” marca a estreia norte-americana do diretor alemão Christian Ditter (de “Simplesmente Acontece”). Protagonizada por Dakota Johnson, a comédia romântica escorrega algumas vezes em sua tentativa de fugir de convenções do gênero para logo entrar nos eixos.

Podendo mostrar seu viés cômico, apesar do material não oferecer muito, a estrela de “Cinquenta Tons de Cinza” encarna Alice, uma jovem que acaba de terminar a faculdade e pede um tempo ao simpático namorado Josh (Nicholas Braun), para poder viver, pela primeira vez, a experiência de morar sozinha.

Sua jornada de autoconhecimento se inicia com a mudança para Nova York, onde encontra um emprego em um escritório de advocacia e rapidamente faz amizade com Robin (Rebel Wilson), que lhe apresenta a vida noturna da metrópole. A atriz australiana interpreta a despachada colega como uma repetição do mesmo tipo, aquele da Fat Amy de “Escolha Perfeita”, mas com uma inegável eficiência em arrancar risadas em quase todas as suas piadas sexuais.

A princípio, Alice divide apartamento com sua irmã mais velha, a obstetra Meg (Leslie Mann) que, em seus 40 anos, tem uma vida dedicada à carreira e um declarado pavor de crianças, que se dissipa quando se vê sua interação com o bebê de suas pacientes ultrapassar os limites da fofura.

Enquanto ela começa os planos de realizar uma fertilização in vitro, paralelamente, Lucy (Alison Brie) tenta encontrar seu par perfeito virtualmente, aproveitando o wi-fi do bar de Tom (Anders Holm). Embora Lucy seja a menos desenvolvida e a mais deslocada das figuras femininas, sua trajetória de quebra de certos clichês bem que poderia ser explorada de melhor forma pelo script inspirado no livro homônimo de Liz Tuccilo.

Escrito por Abby Kohn, Marc Silverstain e Dana Fox, o texto do trio, cujo resquício de uma origem de autoajuda se faz sentir em diálogos explícitos, apresenta uma ligeira evolução na sua fuga dos chavões das comédias românticas. Algumas questões-tabus não são tratadas como obstáculo ou motivo de piada, só como elementos de construção do personagem.

Ao mesmo tempo, as falhas das figuras masculinas os tornam mais reais do que meros estereótipos. Neste sentido, entre boas aparições de Holm e Damon Wayans Jr. para balançar o coração da protagonista, quem se destaca é o ator Jake Lacy, demostrando uma ótima química com Mann.

Ditter embala esse conteúdo com um visual jovem cativante, entre uma linguagem pop, com uso de gráficos na tela, e do cinema indie, visto na fotografia do parceiro de longa data Christian Rein e sua predileção pela presença marcante da luz solar. Outro feito do filme é ter, entre o frescor de sua seleção musical, uma utilização tão renovadora e significativa narrativamente da clássica canção “Can’t Take My Eyes Off You”.

(Por Nayara Reynaud, do Cineweb)

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