sábado, 19 de dezembro de 2015

"Foi intervenção sobrenatural", diz médico sobre milagre de madre Teresa

Folhapress

O neurocirurgião José Augusto Nasser, relator do processo que resultou no reconhecimento do milagre de madre Teresa de Calcutá, diz que a cura do engenheiro de Santos (SP), internado em 2008 para operar de hidrocefalia e oito abscessos (inchaço por inflamação) no cérebro e recuperado antes da cirurgia, "foi uma intervenção sobrenatural, com certeza".

"Era muito grave, só piorava. Parecia ter um diagnóstico vascular, depois descobriu-se que ele tinha um diagnóstico infeccioso. Estava com um quadro neurológico muito grave", disse Nasser, doutor em neurocirurgia pela Universidade Federal de São Paulo.

O Vaticano confirmou nesta sexta-feira (18) o reconhecimento, pelo papa Francisco, de que a cura do brasileiro era o segundo milagre atribuído à madre Teresa de Calcutá, o que permite que ela seja considerada uma santa.

A informação sobre a canonização havia sido adiantada na quinta-feira (17) pelo jornal católico "Avvenire". Segundo a reportagem, a cerimônia de canonização deve ser realizada em setembro de 2016 em Roma.

"O médico tinha chamado a família para dizer que a situação dele era muito crítica e que ele poderia falecer. Abscesso cerebral múltiplo tem uma mortalidade muito alta", continua o neurocirurgião, membro da Associação dos Médicos Católicos do Rio de Janeiro.

Para a Igreja Católica, houve um milagre porque o engenheiro acordou bem de saúde no hospital, antes da cirurgia, enquanto sua mulher fazia orações intensas para a madre Teresa de Calcutá. Ele havia sido hospitalizado em Santos, onde morava, após sentir dores de cabeça em Gramado (RS) durante a lua de mel.

Segundo Nasser, mesmo após a melhora do paciente, o médico que o atendia continuou com o tratamento usual, o que é considerado "muito importante" para o reconhecimento do milagre. O neurocirurgião afirma que todo o processo está bem documentado. "Todos os exames foram feitos em locais de excelência, para que não houvesse margem de dúvida."

Ele conta que enviou o relatório ao Vaticano, onde foi analisado por um comitê que conta também com médicos não religiosos. "Foi muito laborioso, você precisa se certificar de uma série de coisas."

O engenheiro se recuperou de forma lenta, mas impressionante, diz Nasser. "Você sair de um coma por doença infecciosa em sistema nervoso demora bastante tempo, e o dele foi extremamente rápido. Hoje, ele é um cara que voltou às suas atividades, não tem sequelas cognitivas, tem algumas alterações neurológicas discretas por conta da localização dessas lesões, que hoje são só cicatrizes."

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