domingo, 17 de maio de 2015

Crise energética faz industria de LED crescer no Brasil

G1

A crise de energia acendeu a luz de LED no Brasil. Mais econômicas e com um tempo de vida bem mais longo, as lâmpadas de LED estão transformando o mercado mundial e estimulando o surgimento de uma nova indústria de iluminação no país.

Embora os produtos importados ainda dominem o mercado, a nova tecnologia fez emergir nos últimos anos iniciativas de empreendedores brasileiros que, a despeito dos problemas de competitividade da indústria brasileira, têm conseguido expandir os negócios e, agora, apostam na crise energética e na maior busca por produtos mais eficientes para dar impulso e escala à fabricação local.

A Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux) estima em 20 o número de empresas que fabricam hoje produtos com LED no Brasil, incluindo as pioneiras LEDstar, O2 LED, Neolux e FLC.
"No geral, são empresas médias e pequenas. Antigas distribuidoras fizeram a conta e visualizaram vantagens em fabricar em vez de apenas importar, apostando que o LED é o mercado da vez e do futuro", diz Marco Poli, diretor-executivo da Abilux.

A associação estima que a participação destas empresas no mercado brasileiro de LED ainda seja menor do que 10%, com uma produção de 2,5 milhões de lâmpadas em 2014.

A Abilux avalia, no entanto, que essa fatia irá dobrar já em 2016 e tende a aumentar com a maior disseminação da nova tecnologia. A previsão é que, no mundo, por volta de 2020, cerca de 70% do faturamento em iluminação será de produtos com LED.

Para acelerar a demanda, o setor aposta nos desdobramentos das políticas de eficiência energética que preveem, por exemplo, a modernização da iluminação pública e o fim da comercialização das lâmpadas incandescentes. A substituição deste tipo de lâmpada está sendo feita de forma gradativa e acabará em 2017. As de 60 W, que são as mais usadas, já não podem mais ser fabricadas ou importadas e, a partir de junho, terão sua venda proibida no país.

"Apesar do cenário macroeconômico estar bastante incerto, os aumentos de tarifas de energia têm motivado várias empresas a buscarem reduções no consumo de energia", diz Eduardo Park, presidente do Grupo Unicoba, dona da marca LEDstar, responsável pelos projetos de iluminação em LED de locais como a Avenida 23 de Maio, Marginal Pinheiros e os túneis do Rodoanel, em São Paulo.
A energia elétrica virou a vilã da inflação no país. Com os reajustes ocorridos, o consumidor está pagando neste ano, em média, 36% a mais. Em 12 meses, a conta de luz já acumula alta de 60,42%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Oportunidade de renascimento do setor

O número de lâmpadas LED vendidas no país saltou de 4 milhões de unidades em 2011 para 25 milhões em 2014, mas ainda representa menos de 5% do total consumido no país. Para 2015, a previsão é de um crescimento de 30%.

Levantamento do comparador de preços Zoom, as lâmpadas de LED lideram a lista de produtos com procura em alta dentro da categoria Casa e Jardim, com aumento de 10% nas buscas em março em relação a fevereiro.

Apesar da dependência total de importação do principal componente do LED, o cristal semicondutor que efetivamente emite a luz, conhecido como “chip” ou “die”, as oportunidades de mercado que se abrem estão provocando uma espécie de renascimento da indústria de iluminação do Brasil, que reúne hoje mais de 37 mil trabalhadores em 600 empresas, e que deve movimentar este ano R$ 4,2 bilhões, segundo a Abilux.

Para ter uma ideia do que representa esse movimento, basta destacar que, hoje, todas as lâmpadas fluorescentes compactas (modelo que domina o mercado doméstico) à venda no país são importadas e lembrar que a derrocada das lâmpadas incandescentes levou ao fechamento na última década de grandes fábricas de multinacionais instaladas no país como as da GE, Phillips e Sylvania.

“A China estrategicamente investiu nas lâmpadas fluorescentes compactas e sugou a produção mundial. O Brasil, na contramão, não incentivou que as empresas aqui instaladas migrassem das incandescentes tradicionais para as fluorescentes compactas. Houve um vácuo e, a partir do apagão de 2001, ficou mais interessante importar lâmpadas do que fabricar aqui”, explica Marco Poli, da Abilux.

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