Correio do Estado
Aos 14 anos, o professor e pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Rubens Silvestrini, atualmente com 51 anos, ganhou um presente do avô: uma guampa feita com chifre de boi. Na época, não suspeitava que objeto o levasse a se interessar por um tema que, quase 40 anos depois, é uma das suas paixões: a trajetória da exploração da erva-mate e suas consequências.
Quem visita sua casa logo pode perceber que o assunto é levado a sério por Rubens, tanto que, atualmente, contabiliza cerca de 360 peças referentes ao consumo de erva-mate, passando por guampas, cuias, bombas, além de documentos. Para estudar o assunto, já percorreu diversos pontos do Sul do Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai.
Várias vertentes
Em breve, o resultado do levantamento poderá ser conhecido pelo público, por meio de um livro que pretende retratar a erva-mate sob vários aspectos, passando pelo econômico, histórico e, principalmente, o cultural. “Com passar dos anos, percebi que o assunto poderia ser desenvolvido por várias vertentes. Há muitas questões a serem enfocadas. Resolvi trabalhar em torno disso no meu pós-doutorado e também em uma publicação de maior alcance, sem tantos elementos acadêmicos”, explica Rubens.
No livro, o leitor conhecerá o passado da erva-mate na América do Sul, quando os guaranis a apreciavam em seu cotidiano, antes do contato com os não índios. Nesta época, as bombas eram feitas de bambu ou com ossos de alguns animais. Com a chegada dos espanhóis ao Sul do continente americano, a planta também passou a ser utilizada pelos exploradores.
“Os europeus bebiam café, mas como o estoque, que vinha da Europa, tinha curta duração, eles passaram também a utilizar a erva-mate, já que a cafeína é encontranda neste tipo de planta”, enfatiza. Já estabelecido nos costumes diários dos espanhóis e seus descendentes, Rubens conta que a elite apreciava a erva-mate diariamente.
O aspecto curioso é que cada integrante desse grupo tinha sua própria bomba, feita, muitas vezes, com requinte artesanal. “Era um símbolo de prestígio da época , alguns desses objetos vinham com adornos de prata e com as iniciais da família”.
Outro elemento importante do levantamento é a trajetória da Companhia Matte Larangeira, que teve seu apogeu no Sul de Mato Grosso uno, no fim do século 19 até os primeiros quarenta anos do século 20.
Na avaliação do pesquisador, a atuação da companhia, de certa forma, divulgava o perfil de Mato Grosso dividido. “A empresa não tinha uma ligação com a capital do Estado. Quando se referia à área de atuação se dizia ao Sul de Mato Grosso”, destaca Rubens
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