Folhapress
O corpo da atriz Maria Della Costa foi velado neste domingo (25) no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com a presença de amigos, familiares e colegas de profissão. A gaúcha morreu neste sábado (24), aos 89 anos, no Rio. A causa da morte não foi divulgada, mas, segundo pessoas próximas, teria sido edema pulmonar agudo.
No velório, seus pares no teatro e na TV destacaram seu espírito empreendedor, seu talento como atriz, sua beleza e a capacidade de lançar novos atores.
O ator Ney Latorraca disse que teve seu primeiro papel de destaque, em 1973, numa peça da companhia da atriz, que levava o nome de Della Costa.
"Vai embora não só uma grande atriz, mas uma grande mulher que lançou nomes como o meu, o da Fernandona [Fernanda Montenegro], do Sérgio Britto e tantos outros", disse.
A atriz Nathalia Timberg, que também trabalhou com Della Costa, afirmou que ela era "uma figura que tinha uma luz própria e um talento muito grande" e, ao mesmo tempo, possuía a capacidade de identificar bons atores em começo de carreira e projetá-los. Timberg citou também Fernanda Montenegro.
O ator Edwin Luisi, um dos mais emocionados no velório, disse que sua estreia no teatro também se deu na companhia de Maria Della Costa. "Saí da Escola de Arte Dramática de São Paulo em 1973, e no ano seguinte fui trabalhar com ela. Foi um grande aprendizado."
HUMILDADE
A atriz Aracy Cardoso recorda o trabalho de Della Costa na TV. Atuamos juntas na novela As Bruxas [TV Tupi, de 1970], com direção de Walter Avanci e texto de Ivani Ribeiro. Éramos do mesmo núcleo e sempre conversávamos muito. Ela era muito dedicada. Chegava cedo. E tinha um enorme talento", disse.
Marília Pêra também só trabalhou com Della Costa na TV, na novela Beto Rockfeller (1968), da Tupi. A atriz afirmou que Della Costa sempre foi "muito humilde", apesar de ter alçado o estrelato. "Ela não tinha nem uma personalidade forte, marcante. Era humilde. Não tinha estrelismo."
A atriz destacou ainda a importância do marido e produtor de teatro Sandro Polloni na carreira de Della Costa. "Ele fez dela uma grande estrela no Brasil e no exterior", comentou. Para ela, ao lado de Tônia Carreiro, Della Costa foi a "atriz mais bonita" do teatro brasileiro.
Tânia Brandão, crítica de teatro e autora do livro "Uma Empresa e Seus Segredos: Companhia Maria Della Costa (1948-1974)", afirmou que a companhia dos dois "modernizou o teatro brasileiro" ao trazer diretores estrangeiros e encenar peças de grandes autores -como Arthur Miller ("Depois da Queda").
Ao mesmo tempo, diz, suas "referências como atriz" eram nacionais, ao contrário de outras divas da época, como Fernanda Montenegro e Tônia Carreiro.
Brandão recorda ainda o "engajamento da atriz" e o período em que seu trabalho foi alvo da censura imposta pela ditadura militar. "Ela também sempre esteve ligada às reivindicações da classe teatral", afirmou Marília Pêra.
ENTERRO
Nos últimos anos, Della Costa se afastou dos palcos e das telas e se dedicou exclusivamente a cuidar de sua pousada em Paraty, no litoral sul do Rio, onde vivia.
Conforme o desejo da atriz, seu corpo será enterrado no cemitério da cidade, segundo Marcelo Del Cima, produtor e procurador da atriz.
"Ela amava muito Paraty. Só voltou para o Rio, em 2011, para cuidar da saúde, convencida pela gente."
O corpo foi velado no Rio até pouco depois das 14h deste domingo (25). Depois, segue nesta tarde, de carro, até Paraty, onde continuará a ser velado à noite até a hora do enterro, previsto para às 11h de segunda-feira (26).
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