Com informações da Folha
O atraso na obra do Aquário do Pantanal causou repercussão nacional. O jornal Folha de São Paulo, por exemplo, deu grande destaque ao assunto em sua versão online, edição desta terça-feira.
Prestes a encerrar seus oito anos de mandato, o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), vai deixar o governo sem concluir o que chama de "sua obra mais emblemática": o Aquário do Pantanal.
Maior aquário de água doce do mundo, com seis milhões de litros de água e 32 tanques de peixes, a obra custará cerca de R$ 150 milhões (a previsão inicial era de R$ 85 milhões) se concluída, mas até agora não ficou pronta.
O Aquário do Pantanal, diz o atual governo, se tornará um grande centro de pesquisas e visitação, com capacidade para atrair 300 mil pessoas por ano.
Para Puccinelli, a obra tem caráter estratégico, vai simbolizar as riquezas do Estado e enfim diferenciá-lo do vizinho quase homônimo.
"Universidades do mundo todo vão vir e dizer que aqui é o Mato Grosso do Sul, e não Mato Grosso", destacou a jornalistas, dois meses atrás.
Na época, o governador torcia para inaugurar a obra "antes do Natal, se Deus quiser". Atrasos no cronograma e um acidente com a cúpula principal do aquário, que foi atingida por um caminhão enquanto era transportada a Campo Grande, afastaram essa possibilidade.
Vista à distância, o aquário lembra um disco voador. Tem 18 m de altura –o equivalente a um prédio de quatro andares. A estrutura externa é de vidro e metal, com claraboias no centro.
Dentro da "bola", uma escadaria central leva aos tanques, que abrigarão 260 espécies de peixes.
O principal deles vai reproduzir o rio Paraguai, num túnel cilíndrico com 18 m de extensão que poderá ser percorrido pelo visitante. Em outros, prometeu o governador, peixes poderão ser tocados. São 18 mil m² de área construída.
Puccinelli, que ao deixar o governo diz que irá se dedicar apenas a "cuidar dos netos", não gosta de falar dos atrasos na obra. Perguntado sobre a inauguração por jornalistas na semana passada, em Campo Grande, o italiano hoje naturalizado reagiu: "Vai tomar no fiofó". E riu.
A Folha pediu insistentemente uma entrevista com o governador sobre o tema. Não obteve sucesso.
O aquário já é chamado pela população de "abacaxi deitado", "elefante branco" e "templo do faraó André".
O Ministério Público investiga suspeitas de superfaturamento na obra. Uma denúncia da Terramare, empresa que perdeu a licitação para um dos contratos, afirma que Puccinelli pagou R$ 25 milhões por um serviço que, na verdade, custaria R$ 6 milhões. O governo nega.
O governador eleito, Reinaldo Azambuja (PSDB), opositor de Puccinelli, já declarou que só coloca dinheiro público no aquário depois de receber o aval do Ministério Público sobre a construção.
TANQUE
"Em janeiro, para a obra, infelizmente", diz o futuro secretário de Infraestrutura, Marcelo Miglioli. "Não posso assumir o risco de tocar um contrato complexo e polêmico como esse sem saber onde estou botando a mão."
O atual governo garante que a obra está regular. O Tribunal de Contas diz que está tudo regular. A investigação do Ministério Público foi instaurada no final de outubro.
Os peixes, já coletados, esperam a conclusão do aquário abrigados num tanque. O destino dos espécimes após a virada do ano é incerto.
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