Apesar de bater recordes de bilheteria, quarto filme da franquia evidencia o desgaste da fórmula e consegue uma incrível façanha: ser o pior da série
Rafael Costa/Veja
Transformers: A Era da Extinção, quarto filme da franquia iniciada com Transformers (2007), chega ao Brasil nesta quinta-feira com a conta recheada de milhões de dólares. A superprodução foi a melhor estreia do ano em bilheteria nos Estados Unidos e Canadá, com 100 milhões de dólares arrecadados no primeiro fim de semana, e a maior bilheteria da história da China, com 262,6 milhões de dólares até o momento. Contudo, sucesso e qualidade nem sempre andam juntos.
Dirigido novamente por Michael Bay, o novo longa dos robôs alienígenas apresenta um roteiro fraco, previsível, recheado de clichês, com um excesso desnecessário de elementos e tiradas cômicas sem graça. As cenas de ação, que costumavam ser um trunfo da franquia, dessa vez beiram o absurdo e causam tédio. E o que parecia quase impossível aconteceu: a franquia, que já era ruim, ficou pior.
A Era da Extinção se passa alguns anos após o confronto devastador entre os Autobots (robôs extraterrestres do bem) e Decepticons (robôs extraterrestres do mal), que destruiu a cidade de Chicago em Transformers: O Lado Oculto da Lua (2011). Na nova trama, o inventor frustrado Cade Yeager (Mark Wahlberg) — que substitui o garoto-problema Shia LaBeouf — encontra um caminhão abandonado e, após levá-lo ao seu celeiro/laboratório, descobre que se trata do líder dos Autobots, Optimus Prime. O problema é que, após a catástrofe de anos atrás, os robôs extraterrestres, inclusive os bacanas, se tornaram alvo do governo americano, que passou a obrigar qualquer cidadão a reportar atividades alienígenas suspeitas.
Sem se importar com a nova lei, Yeager abriga o inimigo do governo em sua fazenda para reformá-lo. Ao mesmo tempo, um grupo de cientistas e empresários liderados por Joshua Joyce (Stanley Tucci) constrói robôs semelhantes aos Transformers para estudar as invasões ocorridas no passado, mas, claro, acabam perdendo o controle sobre suas invenções, que se voltam contra os humanos. Para piorar, uma nova ameaça extraterrestre (oi?) coloca o planeta à beira da extinção.
Melodrama – Além da mistura caótica de ameaças à vida humana, uma trama que poderia ter sido escrita por Manoel Carlos caminha paralelamente e dá lugar ao melodrama. O protagonista Yeager é pai de Tessa (Nicola Peltz), a garota bonita da vez, antes representada pelas atrizes Megan Fox e Rosie Huntington-Whiteley. Superprotetor, Yeager está sempre tentando salvar a moça das batalhas contra os alienígenas, enquanto encontra espaço para ter ciúme do namorado Shane (Jack Reynor). A relação de sogro e genro tenta ser a parte cômica da história. Mas não consegue.
O próprio roteirista Ehren Kruger, também responsável pelos dois últimos filmes da franquia A Vingança dos Derrotados (2009) e O Lado Oculto da Lua (2011), parece insatisfeito com seu trabalho. Logo nos primeiros minutos do filme, o protagonista vai a um cinema abandonado procurar peças para seu celeiro/laboratório. Ele conversa com o dono do estabelecimento, que lamenta como as franquias com muitas sequências superproduzidas ofuscam outros bons filmes e estragam os negócios do cinema. Para os que pensam como o personagem, uma má notícia: Transformers vai ganhar um quinto episódio, provavelmente em 2016.
Como esperado, a única parte louvável do longa está nos efeitos visuais, que, assim como os anteriores, ganha o reforço do 3D, que deixam o filme pelo menos suportável.
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