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Mantega também comentou a decisão do Banco Central (BC) de injetar R$ 45 bilhões na economia – R$ 30 bilhões da liberação de compulsórios (parcela que os bancos são obrigados a deixar retida no BC) e R$ 15 bilhões de redução de riscos de crédito. Para o ministro, apesar de aumentar o volume de recursos em circulação, a medida reativará a demanda sem pressionar a inflação. Segundo Mantega, a inflação está em queda e continuará a cair nos próximos meses. A redução do preço dos alimentos, que pressionaram os índices no primeiro semestre, contribuirá para trazer a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para abaixo do teto da meta, de 6,5%, até o fim do ano. O ministro acrescentou que o fim da Copa do Mundo reduziu o preço de passagens aéreas e de hotéis, que teve reflexos sobre a inflação nos últimos dois meses. “Esses fatores [preços dos alimentos e de itens vinculados à Copa] mostram que a inflação não foi provocada pela demanda. Portanto, é perfeitamente possível e coerente reativar a economia [por meio da liberação dos compulsórios] sem aumentar a inflação”, declarou. Ministro critica relatório do FMI Mantega também rebateu o relatório divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que inclui o Brasil entre as economias emergentes mais vulneráveis a crises externas. Segundo ele, diversos indicadores econômicos do primeiro semestre mostram que os investidores estrangeiros continuam interessados no país, mesmo com a retirada gradual dos estímulos monetários pelo Federal Reserve (Fed), Banco Central norte-americano. O ministro lembrou que os investimentos estrangeiros diretos, que geram empregos no país, continuam acima de US$ 60 bilhões em 12 meses pelo quarto ano seguido. Além disso, ressaltou Mantega, o real valorizou-se 9,4% nos primeiros seis meses do ano, e a Bolsa de Valores de São Paulo subiu 21,25% no mesmo período. De acordo com o ministro, o relatório foi elaborado por escalões inferiores do FMI e repete os erros de documentos anteriores divulgados por instituições financeiras e organismos internacionais que apontaram uma “tempestade perfeita” para a economia brasileira neste ano e incluíram o Brasil entre os cinco países emergentes mais frágeis. “A tempestade não veio e o cenário apontado por esses relatórios não se concretizou”, disse. Reservas internacionais O ministro destacou que o país tem o quinto maior volume de reservas internacionais do mundo, em torno de US$ 380 bilhões. O montante é superior ao da dívida externa pública e privada, de US$ 330 bilhões, e suficiente para financiar o país por longo tempo em caso de escassez de capital externo. “Da dívida externa total, somente 7,6% vencem no curto prazo, o menor nível entre os países emergentes. No caso de uma interrupção do fluxo de capitais, daria para o Brasil se financiar por longo tempo”, ressaltou. Tradicionalmente, o maior indicador de vulnerabilidade externa de uma economia é o déficit em transações correntes – soma dos saldos da balança comercial (diferença entre exportações e importações) e das contas de serviços, de renda e das transferências unilaterais (doações de emigrantes e de organizações estrangeiras). Caso um país registre resultado negativo nessa conta, fica dependente do capital especulativo internacional, dos empréstimos externos e dos investimentos estrangeiros diretos para fechar o balanço de pagamentos. De acordo com o Banco Central, o déficit em transações correntes do Brasil acumulou em torno de US$ 86 bilhões, 3,58% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país), nos 12 meses terminados em junho. Apesar de o resultado ser o pior desde 2001, o ministro diz que o problema é temporário e que o déficit deve diminuir nos próximos meses. “No ano passado, o déficit em transações correntes subiu por causa da conta petróleo [importações de petróleo maiores que as exportações], que retirou US$ 17 bilhões do saldo da balança comercial. Com o aumento da produção da Petrobras, previsto para 8% neste ano, o quadro está se revertendo. Os analistas já tinham percebido isso”, declarou. O ministro, no entanto, não estipulou uma previsão de déficit em transações correntes para 2014. |
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