Terra
Em um dia no qual o pop radiofônico ditou o que seria tendência no Palco Mundo, o encerramento de Beyoncé do primeiro dia do Rock in Rio 2013, nas primeiras horas deste sábado (14), resumiu bem os itens básicos que resultam em um artista de sucesso de massas. Cabelos esvoaçantes - ventiladores em força total durante todo o show -, incontáveis trocas de figurinos, dançarinos e bailarinas em sincronia, uma performance sensual sobre um piano de cauda e juras com mais juras de amor ao público local - com direito a brados de "eu te amo" e até a um trecho do funk Passinho do Volante, de MC Federados e os Leleques, bem ao final da apresentação. Prestando a atenção a todos os itens anteriores, já era esperado que a música em si não fosse o centro das atenções, mas, sim, a trilha sonora de um espetáculo.
Ao longo de sua carreira solo, Beyoncé Knowles lançou quatro álbuns de estúdio, que resultaram em uma longa fila de sucessos: Crazy in Love, Baby Boy, Single Ladies e Halo - esta última introduzida com o verso de I Will Always Love You, de Whitney Houstoun -, foram algumas das músicas que empolgaram e emocionaram os fãs da cantora na noite de abertura da quinta edição do Rock in Rio. Nas grades de proteção, jovens choravam, gritavam, se mostravam quase hipnotizados por ver de perto a norte-americana, que está em sua segunda passagem pelo Brasil.
Mas o ritmo do show é arrastado ao seguir a regra da cartilha de pop com trocas de figurinos, coreografias, colunas de fumaça, olhares perplexos ao público e algumas palavras na língua local. E, como resultado, temos um show cronometrado, exatamente como todos os outros do giro, e plástico, sem espaço para improvisos.
A própria Beyoncé parece estar a todo momento interpretando. Suas feições dificilmente mudam. Faz cara de mulher fatal, olha com seriedade para os fãs, manda rebolados que naturalmente acabam caindo nas graças de qualquer um na audiência "Espero que esta seja uma noite que vocês nunca vão esquecer na vida" e "é um dos meus lugares favoritos no planeta" estiveram entre as frases de impacto bradadas ao longo de toda a apresentação de cerca de 1h30.
O repertório segue à risca aquele apresentado ao longo de toda a The Mrs. Carter Show World Tour, iniciada em abril, na Europa, e com encerramento previsto para 22 de dezembro, em Nova York. Who Run the World, faixa de abertura da apresentação, End of Time, If I Were a Boy, Naughty Girl, We Like to Party, Freakum Dress, todas estavam lá. E foram cantadas com empolgação pelos fãs.
Os rebolados com roupas curtíssimas, trocadas diversas vezes ao longo de todo o show, também ganharam ovação. Assim como, principalmente, os últimos minutos do show, quando a cantora de corpo escultural desceu do palco e caminhou próxima ao público, apenas separada por grades de segurança, e na sequência retornou para dançar um trecho do famoso refrão de funk "ahh, leleke, leke, leke". Tudo é válido para ganhar pontos com o País, para o qual prometeu voltar o mais breve possível.
Mas o teor artificial do festival, o esforço para sempre se mostrar como uma super estrela - algo dispensável para quem indubitavelmente já merece tal título -, as longas paradas, os vídeos introdutórios e a total previsibilidade da apresentação acabam prejudicando os pontos positivos.
Não que os fãs ardorosos da cantora liguem para isso. Em um dos poucos momentos de mais naturalidade do show, Beyoncé discursava sua fala decorada ao público quando se viu interrompida por um coro em uníssono gritando "we love you, we love you". Por um momento, ela não soube o que fazer, se mostrou quase sem graça com a atitude fora do script. As câmeras se aproximam de seu rosto, os olhos marejam. "Eu os amo também", ela diz. É o que importa.
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