A depressão como patologia e seus aspectos filosóficos e sociais é o mote para o novo livro da jornalista e escritora, membro da Academia Sulmatogrossense de Letras, Theresa Hilcar, O título, “No Fundo do Poço Não Tem Mola” (Editora Letra Livre, com apoio do FIC). É uma espécie de contraposição lúdica com o ditado, tão comum, que diz: “No fundo de poço tem mola”, e que, segundo a autora, serve apenas para minimizar ou mesmo banalizar a questão.
Neste quarto livro da sua carreira, a cronista troca os temas do cotidiano por questionamentos mais profundos a respeito da vida e das suas vicissitudes. É quase um despir-se existencial, um diário que se torna público. No entanto, não espere um livro triste, enfadonho ou induza ao “porão do fundo do poço”, como o título possa sugerir.
Trata-se de um conjunto de crônicas de uma mulher que assume sem pudores fazer parte das estatísticas cujos números apontam a existência de milhares de mulheres com a mesma patologia. A depressão, segundo ela, é tratada sempre com reservas e no mais absoluto silêncio pela maioria das pessoas. As crônicas de Theresa Hilcar escritas como exercício de exorcizar a dor, tem o mérito de quebrar este silêncio e trazer à superfície questões como preconceito e os estigmas impostos pela sociedade que obriga as pessoas a serem felizes o tempo todo. A tristeza, segundo ela, é algo incômodo para quem não a compreende.
O livro “No Fundo do Poço Não Tem Mola” pode ser um espelho para as mulheres que passam pelas mesmas questões, que vão desde a síndrome do “ninho vazio”, quando os filhos crescem e buscam seu próprio caminho, passando pelo envelhecimento e a solidão.
Os leitores serão quase cúmplices de Theresa Hilcar, conhecendo segredos quase inconfessáveis da jornalista. No prefácio escrito pela professora Maria Adélia Menegazzo ela escreve:”... Há, no entanto, um aspecto nestas crônicas que as torna memoráveis. Theresa Hilcar toca a poesia na medida em que impõe cadência às palavras e que, numa certa medida, obriga-se ao uso de frases curtas, sem excessos, com pouca adjetivação. Desta forma, provoca uma leitura quase que vertical de suas frases, como se fossem versos. Em Perdas e rimas, podemos ler: “Perdi a vez. A paciência. Perdi a oportunidade de calar, de falar. De dar adeus. Perdi a conta, a vontade. Perdi o desejo de ficar, de partir, de estar. Perdi primaveras, outonos, invernos. Odeio verões. Perdi a chamada, a chave, os diários do colégio. Perdi a inocência, a vaidade, o orgulho. Enlouqueci. Perdi o senso, o humor, a piada, o estilo”. Filtra, assim, pela razão, a emoção, o sentimento lírico. A crônica é tanto melhor, quanto mais explore este aspecto, quanto mais revista o cotidiano e suas circunstâncias deste repensar subjetivo e raro”.
Serviço:
Noite de autógrafos do livro “No Fundo do Poço Não Tem Mola”, de Theresa Hilcar
Data: 19 de março
Horário: das 18h30 às 22h
Local: Livraria Le Parole – Rua Euclides da Cunha, 1126
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