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Pela primeira vez um grupo de trabalho das Nações Unidas propôs um plano de coordenação internacional para detectar asteroides potencialmente perigosos e, em caso de risco para a Terra, preparar uma missão espacial com capacidade para desviar sua trajetória.
"O risco de que um asteroide se choque contra a Terra é extremamente pequeno, mas, em função do tamanho do asteroide e do local do impacto, as consequências podem ser catastróficas", indica um relatório entregue esta semana aos Estados-membros por parte do Escritório da ONU para o Espaço Exterior (Unoosa). O relatório de 15 páginas se chama Recomendações da Equipe de Ação sobre Objetos Próximos à Terra para uma Resposta Internacional à Ameaça de um Impacto, e foi elaborado por um grupo de trabalho criado em 2007 em Viena.
"Atualmente são conhecidos cerca de 20.000 asteroides próximos à Terra, dos quais aproximadamente 300 são potencialmente perigosos," explica o diretor do grupo de trabalho que redigiu o documento, o mexicano Sergio Camacho. Até 2020, o analista prevê que será detectado até meio milhão de asteroides próximos a nosso planeta graças à melhora da tecnologia de localização. "São objetos que estão por aí, mas não sabemos onde", ressalta.
O asteroide DA14, de cerca de 40 metros de diâmetro, e que passará nesta sexta-feira muito perto da Terra, "provavelmente teria poder para destruir toda a região metropolitana de Londres, por exemplo", destaca o analista. "Ao contrário do que ocorre com os terremotos, os furacões e outros perigos naturais, em relação aos asteroides podemos fazer algo, sobretudo se os encontramos com muita antecipação", sustenta.
Rede internacional — O documento considera prudente e necessário estabelecer critérios e planos de ação para não perder tempo em debates prolongados dado que uma missão espacial para desviar um asteroide requer de muito tempo e o disponível antes do impacto previsto pode ser pouco Também recomenda estabelecer uma rede internacional para detectar os asteroides em rumo de colisão com a Terra o mais rápido possível, e fixar claros procedimentos de atuação.
O relatório destaca que já existem os recursos financeiros para esta rede, mas que é preciso "um centro de troca de informações reconhecido internacionalmente." Além disso, recomenda aos Estados com organismos espaciais "criar um grupo assessor para o planejamento de missões espaciais", que receberia o apoio da ONU em nome da comunidade internacional. O grupo estaria encarregado de estudar fórmulas para "a defesa do planeta" com "uma capacidade de desvio eficaz."
Por último, o relatório recomenda estabelecer um planejamento e coordenação para responder a possíveis desastres no caso de não se poder detectar um impacto de asteroide pelas atuais limitações tecnológicas.
"Talvez não se possam detectar objetos de entre 30 e 300 metros de diâmetro nem de emitir alertas de impacto a tempo, por isso é preciso contar com planos de resposta semelhantes a outros grandes desastres naturais", adverte.
O documento não menciona nenhum projeto concreto, como a Missão Don Quixote, um plano desenvolvido por empresas espanholas e selecionado pela Agência Espacial Europeia (ESA), que propõe o envio de duas sondas, uma para impactar contra o asteroide e outra para calcular se se conseguiu desviar a trajetória.
Opções — Segundo Camacho, uma possível missão dependeria do tamanho, da velocidade e da proximidade do objeto espacial. No caso de um corpo espacial descoberto a tempo, seria possível acoplar um satélite artificial que variaria pouco a pouco seu rumo, enquanto outra modalidade seria que um veículo espacial impactasse contra o asteroide. "E se não houver tempo, deveria se utilizar algum tipo de dispositivo nuclear" que explodisse parte do asteroide para desviar ou desacelerar sua trajetória, mas sem fragmentá-lo.
Camacho considera que o custo econômico de desenvolver o plano de ação não deveria constituir um problema. "Se for comparado o prejuízo que o impacto de um asteroide em uma zona urbana pode causar com o custo de um lançamento (espacial), não é nada", ressalta.
O documento ainda pode sofrer alterações antes de ser adotado, até o próximo dia 22, por uma subcomissão científica em Viena, e em junho, pela Comissão da ONU sobre a Utilização do Espaço Ultraterrestre com Fins Pacíficos.
Então será submetido a votação, em outubro, na Assembleia Geral das Nações Unidas, segundo detalha o especialista mexicano, que acredita que o documento não sofrerá grandes alterações.
"Se for comparado o prejuízo que o impacto de um asteroide em uma zona urbana pode causar com o custo de um lançamento (espacial), não é nada", diz o diretor do grupo de trabalho que redigiu o documento, o mexicano Sergio Camacho (Thinkstock)
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