O Surface, primeiro tablet da Microsoft, é cheio de surpresas e aparentes contradições: é um computador muito bem construído, feito por uma empresa que nunca havia construído computadores; tem duas interfaces, uma moderna e uma tradicional, mas não permite a instalação de programas tradicionais.
Robusta, a construção do Surface é muito superior à da grande maioria dos aparelhos com Windows 8 feitos por outros fabricantes, que foram demonstrados no evento principal de lançamento do sistema, realizado na última quinta-feira, em Nova York.
Assim como o design, a velocidade do aparelho ao usar aplicativos e navegar na web também impressiona.
As vantagens do Surface em relação ao iPad são notáveis. Diferentemente do tablet da Apple, o da Microsoft foi pensado desde o início para ser integrado a teclados físicos.
São os ultrafinos Touch Cover e Type Cover, vendidos separadamente. Digitar com eles é muito melhor do que batucar sobre vidro.
A possibilidade de mostrar dois aplicativos na tela ao mesmo tempo, algo impossível no iPad, também é uma dádiva.
LIMITES DO SISTEMA
Versões futuras do Surface virão com Windows 8, mas esta primeira roda Windows RT, versão simplificada do sistema que só funciona com apps com o estilo que a Microsoft chama de "moderno".
Há uma área de trabalho tradicional, mas não é possível instalar nela programas além daqueles já incluídos pela Microsoft: Office (Word, PowerPoint, Excel e OneNote), Internet Explorer, Paint e Bloco de Notas.
Para o usuário casual que quer ter a conhecida experiência de desktop, porém, esse conjunto basta.
O caráter híbrido do Surface, seu maior diferencial, também é a causa de algumas de suas falhas. Para usá-lo como laptop, é preciso usar o suporte traseiro, que impede que a tela seja reclinada de acordo com sua preferência ou necessidade.
A primeira reação de um usuário antigo do sistema da Microsoft diante do Windows RT é lamentar a impossibilidade de instalar programas tradicionais, como o Photoshop.
Mas a decisão faz sentido quando se pensa em uma frase que o fundador da Apple, Steve Jobs, disse em junho de 2010, pouco depois da chegada do iPad: "PCs serão como caminhões. Eles continuarão a existir, mas poucas pessoas vão precisar deles."
Hoje, aplicativos para tablets e celulares como o excelente Snapseed, adquirido recentemente pelo Google, permitem fazer, em segundos, sem treinamento anterior, edições em imagens que, no Photoshop, requerem experiência, tempo e paciência.
Se você costuma usar programas de edição de imagem apenas para cortar fotos e ajustar o brilho e o contraste, não precisa de algo tão sofisticado e pesado como o Photoshop: um app como o Snapseed basta.
Como os caminhões da comparação de Jobs, computadores capazes de rodar programas profissionais, voltados a nichos, continuarão a existir para quem precisar deles. O resto das pessoas estará muito bem servida com aparelhos pequenos, leves e simples, categoria de que o Surface faz parte.
O problema da Microsoft, porém, é ter chegado muito atrasada: o iPad surgiu no início de 2010; o Surface, no fim de 2012. Apps simples e brilhantes, como o Snapseed, estão no iOS, da Apple, e no Android, do Google, e não na plataforma da Microsoft --e é dos apps que depende o eventual sucesso da empresa fundada por Bill Gates nessa empreitada.
Os dois setores da computação pessoal que mais crescem são os de tablets e smartphones, e a Microsoft não é líder em nenhum deles.
Se a empresa pretende virar o jogo, redesenhar o velho Windows para aproximá-lo dos dispositivos ultramóveis faz todo o sentido. Mais do que isso: era a única opção
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