quarta-feira, 13 de julho de 2011

Escritor Rubens Alves ministra palestra dia 29 em Bonito

A 12ª edição do Festival de Inverno de Bonito traz no dia 29, às 10h30, no Centro de Convenções, a palestra “As cores do crepúsculo – A estética do envelhecer”, com Rubem Alves. “As cores do crepúsculo” é o título de um dos livros do escritor, em que fala sobre a velhice.

Para Rubem, escrever sobre a velhice é importante porque fala de sua própria experiência. “Estou velho e eu tenho de buscar poesia para que a velhice não seja muito dolorosa, tenho que descobrir um poema para a velhice ficar bonita. A velhice significa que a gente tem pouco tempo, as coisas ficam tristes, é a grande despedida. Uma metáfora que uso é o ipê rosa, que é florido, é lindo, amo os ipês. Mas é uma beleza de curta duração, caem as pétalas, assim é a velhice. Você precisa tomar cuidado com as escadas, com as caminhadas. Mas existe uma beleza na velhice, e o meu objetivo é triunfar sobre a tristeza evocando a beleza”.

Segundo o autor, envelhecer no Brasil é envelhecer com medo. “A gente nunca sabe o que vai acontecer, estamos desamparados. O Brasil é um país onde os velhos não são protegidos. Você vai num restaurante e vê a família reunida, na cabeceira da mesa está um velho, mas ninguém se dirige a ele, está surdo, ele não percebe o que está acontecendo. Os velhos estão desamparados. Os velhos que vão para os asilos é uma das coisas mais deprimentes. São aqueles que estão esperando para morrer. O consolo é a poesia e a música”.

Ao escrever sobre a velhice, Rubem, que está com 77 anos, espera ajudar as pessoas a ter uma nova visão sobre a velhice. “A leitura do livro pode ajudar muito porque as pessoas descobrem que não estão sozinhas.

O livro cria comunhão. Não é apenas o Rubem Alves, todos os velhos estão juntos de mãos dadas. Seria bom se a gente conseguisse fazer um condomínio de velhos para conversarmos entre nós. Os jovens é um mundo diferente, de alegria. Se sentem menos sozinhos, menos abandonados”.

Esta será a segunda vez que o escritor vem a Bonito. “Eu fui a Bodoquena certa vez dar um curso, saí de lá e fui para Bonito. Já nadei naquelas águas, na nascente de um rio absolutamente cirstalino. Fui flutuando, havia milhares de conchas no fundo do rio, pois há milhares de anos foi fundo de mar. Mergulhei e peguei uma concha.

Percebi que havia pessoas que estavam cuidando para que a natureza não fosse destruída pela falta de sentido dos turistas. Foi uma experiência inesquecível de assombro, mistério e tranquilidade, me faz sentir mais próximo do sagrado, de Deus. Eu vou à natureza quando quero entrar em contato com Deus, e não à igreja”, afirma.

Sobre o autor

Rubem Alves nasceu no dia 15 de setembro de 1933, em Boa Esperança, sul de Minas Gerais.
Estudou Teologia no Seminário Presbiteriano de Campinas (SP), tendo se transferido para Lavras (MG), em 1958, onde exerce as funções de pastor naquela comunidade até 1963.

Casou-se em 1959 e teve três filhos: Sérgio (1959), Marcos (1962) e Raquel (1975).

Em 1963 foi estudar em Nova York, retornando ao Brasil no mês de maio de 1964 com o título de Mestre em Teologia pelo Union Theological Seminary. Denunciado pelas autoridades da Igreja Presbiteriana como subversivo, em 1968, foi perseguido pelo regime militar. Abandonou a igreja presbiteriana e retornou com a família para os Estados Unidos, fugindo das ameaças que recebia. Lá, torna-se Doutor em Filosofia (Ph.D.) pelo Princeton Theological Seminary.

De volta ao Brasil, é contratado para dar aulas de Filosofia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro (SP). Em 1973, transferiu-se para a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) como professor-adjunto na Faculdade de Educação.

No início da década de 80 torna-se psicanalista pela Sociedade Paulista de Psicanálise. Na literatura e a poesia encontrou a alegria que o manteve vivo nas horas más por que passou. Admirador de Adélia Prado, Guimarães Rosa, Manoel de Barros, Octávio Paz, Saramago, Nietzsche, T. S. Eliot, Camus, Santo Agostinho, Borges e Fernando Pessoa, entre outros, tornou-se autor de inúmeros livros, é colaborador em diversos jornais e revistas com crônicas de grande sucesso, em especial entre os vestibulandos.

Após se aposentar tornou-se proprietário de um restaurante na cidade de Campinas, onde deu vazão a seu amor pela cozinha.

O autor é membro da Academia Campinense de Letras, professor-emérito da Unicamp e cidadão-honorário de Campinas, onde recebeu a medalha Carlos Gomes de contribuição à cultura.

Serviço:

Palestra “As cores do crepúsculo – A estética do envelhecer”, com Rubem Alves.
Data: 29 de julho
Horário: 10h30
Local: Centro de Convenções de Bonito

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