Danilo Saraiva/Foto:Gatty Images
A edição 2010 do Video Music Awards seguiu o formato consagrado de musicais misturado com piadinhas e personalidades aclamadas pelo público americano.
Algo, que vale ressaltar, já foi copiado até por Oscars e Emmys da vida. Sob o comando da comediante Chelsea Handler, primeira mulher a assumir o VMA desde 1994, período em que, segundo ela, Justin Timberlake estava no Clube do Mickey e fingia que não estava transando com Britney Spears", a tirada da vez foi "zoar com novos nomes da música, incluindo aí Justin Bieber e Taylor Swift.
O rapper Eminem abriu a premiação, mostrando que o rap/hip-hop continua forte, mesmo com o apelo pop de Lady Gaga e Katy Perry, que voltaram a reinar nas paradas americanas. Dividiu o palco ainda com a sensação musical Rihanna, um tanto exagerada com um cabelo vermelho estilo Ronald McDonald e um vestido branco meio dama de honra.
E ainda apostando no formato despojado e sem preconceitos, conferimos, com empolgação, o retorno de Lindsay Lohan à TV, após um conturbado período em que apenas seus escândalos ganham destaque nas páginas de jornais. Vale ressaltar que a atriz é talentosíssima (assista Bobby e A Última Noite para comprovar) e merece o espaço dado pela MTV, num momento em que grande parte dos americanos estão contra ela.
O primeiro prêmio foi oferecido pelo melhor videoclipe feminino, que era óbvio, deu Bad Romance, de Lady Gaga, cujas imagens já estão no museu histórico da música pop e cujo refrão gruda que nem chiclete. A cantora, conhecida por suas esquisitices e extravagância - o vestido Alexander McQueen estranhíssimo que usou, aliado à tiara de penas, é prova disso (e antes que alguém atire a primeira pedra, não há grife que salve um look) - até deu uma choradinha no palco.
Agradeça aos seus fãs e os mais de 5 milhões de seguidores no Twitter. No fim das contas, a dedicatória foi é para os gays, público que a abençoa e provavelmente o grande responsável por seu sucesso, o mesmo que atingiu Madonna há alguns bons anos.
Em seguida, o elenco de Jackass (que ainda existe, pode acreditar) lançou os indicados ao melhor videoclipe de rock. Nada muito conhecido em terras tupiniquins, exceto por um ou outro grupo. Ganhou a banda do ator Jared Leto, hoje um ícone punk, 30 Seconds to Mars, por Kings and Queens.
O garotinho fenômeno Justin Bieber fez a segunda apresentação musical da noite, enlouquecendo muitas (eu disse muitas) adolescentes que o aguardavam. Performou um mash-up inaugurado pelo hit Baby, ao ar livre para o público de Los Angeles. Obviamente a voz do menino foi praticamente abafada pela gritaria. Mas tem seu mérito, afinal, ele se acabou de dançar e, aparentemente - porque a gente nunca sabe dos truques que a indústria pode usar -, cantou ao vivo.
Após Bieber, Usher tomou o palco com uma apresentação cheia de pirotecnia, lasers, luzes e tudo o que o dinheiro pode comprar. Fez o que está acostumado: coreografias e recursos eletrônicos que alteram a voz. Com tanto aparato, ficava impossível não levantar o público. Acho que, aliás, até os espectadores de casa ficaram com vontade de se levantar e se jogar na primeira balada disponível. Faz parte.
O melhor clipe masculino e o melhor clipe de hip-hop ficaram com o cara que abriu a premiação, Eminem, por Not Afraid. Mas o rapper que ressurgiu das cinzas não pôde triunfar junto com a plateia. Apesar de ter performado na noite deste domingo, ele saiu correndo para o aeroporto para pegar um vôo em Nova York, por conta de uma apresentação já marcada.
Anunciada com grande euforia, o que, segundo meus parafusos, pode ser uma tentativa de lançá-la com mais intensidade nos Estados Unidos, a cantora Florence Welch, com seu projeto Florence and the Machine, se apresentou ao lado de um grupo de dançarinos de balé. Se você não a conhece, preste atenção: a moça é um fenomêno na Europa e está começando a agradar os americanos agora. Isso quer dizer o que? Sim, nós vamos ouvir falar muito dela.
Como era de se esperar, a turminha bacana de Glee também aproveitou a pontinha no VMA. Cory Monteith, Jane Linch, Amber Riley e Chris Colfer apresentaram os melhores videoclipes de música pop. Lady Gaga levou a melhor mais uma vez com Bad Romance e subiu ao palco com a segunda roupa da noite: outro vestido exagerado de McQueen, na cor preta. Substituiu as penas por uma tiara em espetos. Disse que o traje era pesado demais, mas que tudo valia na moda.
Durante a noite, fizeram ainda apresentações musicais a queridinha do country Taylor Swift - cuja performance teria sido mais emocionante se Kanye West roubasse seu microfone -, o rapper Drake ao lado de Mary J. Blige, uma antiga veterana e surpresa agradável, Linkin Park, Hayley Williams, do Paramore, Bruno Mars e B.o.B, traduzindo, Bobby Ray.
No final da noite, Bieber levou o prêmio de melhor artista revelação e Lady Gaga ganhou a maior honra, com o melhor videoclipe do ano, por Bad Romance (o terceiro da mesma canção). Voltou, agora, com um terceiro look, uma mistura de carnes (isso mesmo, carnes) com uma bota no mesmo tom, além de jóias pesadas. E, como todos esperavam, lançou o nome do seu novo disco: Born This Way, além de ter dado uma palinha para seus ansiosos fãs.
Finalizada a premiação, Kanye West voltou com tudo numa apresentação cujo maior truque foi usar um terno vermelho apoiado ao fundo branco de luzes e leds. No estilo de Usher, escondeu boa parte de seu talento em efeitos surpreendentes. Esse, aliás, é o grande problema do Video Music Awards, que tenta enganar a falta de ousadia da indústria fonográfica em efeitos modernos. Que saudade da época em que os artistas faziam realmente performances surpreendentes. Quem se esquece da primeira edição, quando Madonna se arrastou no palco com seu vestido de noiva cantando pela primeira vez a música Like a Virgin? Infelizmente, o atual público da premiação nem deve saber que tal momento existiu.
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