As péssimas condições de trabalho, análogas às de escravo, a solidão das crianças que ficam sem os pais que vão para longe em busca de emprego, e o momento do resgate desses trabalhadores.
Esse ciclo da escravidão contemporânea no Brasil é mostrado no livro Retrato Escravo, que será lançado dia 9 de setembro, às 19h30, no prédio do Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília. Com fotos de João Roberto Ripper e Sérgio Carvalho, o lançamento será acompanhado da abertura da exposição fotográfica dos dois profissionais sobre o tema.
A mostra poderá ser visitada até o dia 15 de outubro no TST, e depois vai percorrer outros prédios da capital, como o Ministério do Trabalho, seguindo então para outras cidades.
Elaborado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Fundação Vale, o livro traz fotos de dois profissionais que já trabalhavam com a questão do trabalho escravo quando foram convidados pela OIT, há três anos, para participar da publicação.
O livro será distribuído amplamente para entidades envolvidas, como autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, estudantes e jornalistas. “Nosso objetivo ao promover esse trabalho foi criar mais uma ferramenta de mobilização da sociedade.
Hoje o Brasil está bastante avançado nos mecanismos de combate ao trabalho escravo, mas estamos longe de erradicar o problema”, explica o coordenador do projeto de combate ao trabalho escravo na OIT, Luiz Machado.
Um exemplo desse avanço apontado pela OIT é o Cadastro de Empregadores, criado pelo Ministério do Trabalho e Emprego em 2004, uma verdadeira lista suja de empregadores flagrados explorando trabalhadores em condição análoga à de escravos.
Dessa forma, as empresas signatárias do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, assim como qualquer pessoa, podem consultar se alguma propriedade está na relação. A lista é atualizada semestralmente e hoje conta com 150 nomes. A Vale é uma das empresas signatárias do pacto e busca combater o problema em toda a sua cadeia de valor.
O piauiense Sérgio Carvalho começou a fotografar em meados da década de 1990 registrando trabalhadores escravizados em fazendas do norte do país. “Acredito que a fotografia, como qualquer forma de expressão, pode e deve servir como instrumento de politização, de questionamentos, de mudança social e de denúncia”, diz Sérgio.
João Roberto Ripper, carioca, é especialista em fotografia documental, social e fotojornalismo. Ele fotografa há mais de 30 anos e acompanhou denúncias da Comissão Pastoral da Terra sobre trabalho escravo em todo país antes de começar a seguir o grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho. “Acredito que a imagem ajuda a inverter uma condição que é inaceitável e que é preciso se ver para poder mudar. E é muito bom ver as pessoas sendo libertadas”, afirma.
As fotografias foram feitas no Pará, em Campos (RJ), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Ceará. Elas são acompanhadas por textos de pessoas envolvidas com o combate ao trabalho escravo, como Leonardo Sakamato, da ONG Repórter Brasil, e Laís Abramo, diretora da OIT no Brasil. Na noite de lançamento, Ripper e Carvalho vão autografar os
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