terça-feira, 14 de julho de 2009

Há 70 anos, Frank Sinatra gravava sua primeira canção

Claudio R S Pucci/terra


"Do fundo do meu coração, eu te amo. O que mais posso dizer? Do fundo do meu coração, eu preciso de você, você faz parte do meu dia". Em 13 de julho de 1939, um rapaz de 24 anos, esquálido e feio, vindo de Nova Jersey, cantava essas palavras em um estúdio acompanhado da orquestra de Harry James. O maestro havia contratado o jovem por US$ 75 por semana para acompanhar sua banda e nunca poderia imaginar que ele seria o maior nome da música americana em pouco tempo. Seu nome era Francis Albert Sinatra.


Nascido em Hoboken em dezembro de 1915, filho único de imigrantes italianos, Sinatra nunca terminou o colegial devido a seu temperamento rebelde, muito influenciado pela mãe, figura não só influente na vizinhança, como também dona de um negócio ilegal de aborto. A depressão econômica obrigou o jovem Francis a trabalhar cedo e depois de empregos como entregador de jornais e rebitador de barcos, ele passou a cantar em público, primeiramente como parte de um grupo de quatro cantores, o Hoboken Four, e depois vencendo um concurso de rádio com mais de 40.000 votos. Até ser descoberto pelas big bands.

Essa primeira gravação de 1939, From The Bottom of My Heart, vendeu apenas 8.000 cópias (o que a torna peça de colecionador hoje em dia), mas o cantor e o maestro fizeram mais dez músicas juntos, até Sinatra receber uma proposta do então famoso bandleader Tommy Dorsey. Apesar de estar atrelado a um contrato com Harry James, este último viu que a oportunidade que aparecia seria única na vida do cantor e o liberou de suas obrigações contratuais.

Com Dorsey as relações foram bem mais complicadas e o músico mantinha um contrato com Sinatra garantindo metade de todos os lucros que o cantor conseguisse em toda a sua carreira. Segundo a lenda mais famosa, Sinatra só conseguiu o cancelamento do acordo quando chorou suas mágoas para alguns mafiosos influentes e estes fizeram uma proposta a Dorsey que ele não poderia recusar: ou revogava o contrato ou morria (e essa história foi usada anos depois em O Poderoso Chefão, de Mario Puzzo).

Depois disso, o "Velho Olhos Azuis" se tornou dono de seu próprio nariz, virou o maior cantor romântico do mundo, foi para as telas do cinema, chorou o desprezo de Ava Garner, flertou com os Kennedy e acabou virando uma lenda que persiste até hoje. Do seu início de carreira, Sinatra manteve uma amizade por toda a vida com Harry James. O maestro foi tão importante para ele que chegou a declarar em uma entrevista de 1983 que James foi aquele que tornou tudo possível. Os milhões de fãs no mundo inteiro também agradecem.

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