segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Governo paulista deve distribuir 2,5 milhões de ingressos em 2009


SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

A Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo reservou R$ 7,5 milhões para a edição 2009 do programa "Vá ao Cinema", estimando a participação de 2,5 milhões de espectadores.

Esse é o número de ingressos que serão distribuídos na capital e em cidades do interior do Estado, ao longo do ano.

O acordo da secretaria com os exibidores prevê o pagamento de R$ 3 por ingresso utilizado.

A avaliação que a secretaria faz dos resultados do programa em 2008 é positiva não apenas pelo índice de 76% de adesão do espectador --dos 2,5 milhões de ingressos distribuídos, 1,9 milhão foram utilizados-- mas também pelos efeitos provocados no parque exibidor.

"É relevante ajudar os cinemas do interior a ficarem abertos. A maior parte das salas participou do programa duas ou três vezes no ano. Muitos exibidores que programavam apenas uma sessão nos dias úteis passaram a fazer sessões-extra", diz André Sturm, coordenador da Unidade de Fomento da Secretaria de Cultura, que idealizou o programa.

Sturm diz que a subvenção dos ingressos para filmes nacionais é também "uma forma de subsidiar o cumprimento da cota de tela [número de dias fixado pelo governo para exibição obrigatória de filmes brasileiros] em salas que não têm facilidade para fazê-lo".

Mas, se o "Vá ao Cinema" agrada os exibidores, não necessariamente deixa felizes os distribuidores de quem os primeiros alugam as cópias de filmes nacionais. Longe disso.

"A sensação que tenho é a de que passaram a mão no meu traseiro", reagiu Bruno Wainer, ao saber que "O Garoto Cósmico", lançado por sua distribuidora, Downtown Filmes, fez 102,3 mil espectadores no programa do governo paulista.

O público que pagou para ver "Garoto Cósmico" nos cinemas foi de 36,4 mil pessoas. Esse não é o único filme a ter tido no programa subvencionado pelo governo paulista um público superior ao restante de sua bilheteria.

"Se eu puder chiar, vou chiar e vou atrás do meu dinheiro", afirma Wainer. A bronca do distribuidor é com o fato de ele haver negociado as cópias de "Garoto Cósmico" que participaram do "Vá ao Cinema" no modelo de "preço fixo", que é utilizado quando se estima público comedido e no qual o distribuidor recebe antecipadamente um valor fechado.

Os demais distribuidores cujos filmes lideram o ranking do "Vá ao Cinema" também negociaram a "preço fixo" e, assim como Wainer, estão descontentes, apurou a Folha.

Para Sturm "é uma miopia dos distribuidores reclamar que poderiam ter ganho mais, em vez de comemorar que cópias que estavam paradas, empoeirando foram alugadas".

Ele diz que "não houve má-fé dos exibidores em propor preço fixo, que é uma regra de mercado muito antiga, criada pelos distribuidores".

Nenhum comentário:

Postar um comentário