quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Roberto Carlos e Caetano se emocionam em ensaios para show


Ricardo Calazans
Luciana Brasil/Divulgação
Caetano Veloso e Roberto Carlos farão tribuno a Tom Jobim
Caetano Veloso e Roberto Carlos farão tribuno a Tom Jobim







A noite de sexta-feira será feita de encontros. No palco do Theatro Municipal, Roberto Carlos e Caetano Veloso unirão suas vozes para homenagear Tom Jobim e os 50 anos da bossa nova. Dois maestros consagrados, Eduardo Lages e Jacques Morelembaum, vão reger os cantores no show, empenhados em celebrar, de forma original, a obra de

Caetano e Roberto cantarão 21 canções. Entre os seis duetos, um será A Felicidade. Músicas como Eu Sei Que Vou Te Amar, de Tom e Vinicius (gravada por Caetano em 1978), e Lígia, que Roberto já cantou com o próprio Tom em especial de TV, também estarão no show.

Os dois serão acompanhados por suas bandas, além de orquestra de 21 músicos. "Eles se respeitam muito e estão muito emocionados com o encontro. É um momento importante para a história da música nacional", diz o maestro de Roberto, Eduardo Lages.

Por trás de tudo, estão a cineasta e produtora Monique Gardenberg e o dramaturgo e diretor teatral Felipe Hirsch. Diretores do espetáculo, parte do evento Itaúbrasil, eles têm se desdobrado para dar conta do que consideram uma noite histórica para a cultura nacional.

"É muito bom pensar que é um show que vai ficar, que será lembrado daqui a muito tempo", imagina Felipe. Os dois estão tão encantados com a dupla que às vezes esquecem seu ofício. "A direção é o modo como os imaginamos no palco, mas o que a gente quer mesmo é ficar lá, só assistindo", brinca Felipe.

Roberto foi o primeiro convidado. "Para nossa surpresa, ele recebeu bem a idéia logo de saída. Só depois que ele aceitou, procuramos Caetano, que ficou envaidecido. Os dois sabem que é um momento inédito para a música brasileira", diz Monique.

No fim de semana, Caetano e Roberto se encontraram para ensaiar em dupla, no estúdio RC, na Urca. "Pensava que o primeiro encontro seria mais estranho, mas a química da vida deles apareceu logo de cara. Roberto está cantando lindamente, estudando cada nota, e Caetano, instintivo, encontrou o tom do espetáculo, que é puramente emocional", conta Felipe.

Nem Monique nem Felipe pararam para pensar numa questão simples: quem levará mais fãs ao Municipal? "Sou tão fã do Caetano quanto do Roberto", escapole ela.

"Vai ter fã de todo mundo: do Roberto, do Caetano, do Tom Jobim, da Monique", brinca Felipe. "O genial desse projeto é que passa por cima de qualquer divisão. É o encontro que interessa."

Admiração entre os dois já é antiga
A admiração entre Roberto e Caetano é antiga: no início dos anos 70, comovido com a tristeza do baiano no exílio em Londres, Roberto compôs para Caetano Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos - que o baiano cantou em especial do Rei em 1992. A homenagem de Caetano já tinha vindo em Baby: "Você precisa ouvir aquela canção do Roberto".

O namoro do Rei com a Bossa Nova vem de mais longe: no fim dos anos 50, lançou compacto que emulava a batida de João Gilberto, com João e Maria e Fora do Tom - esta falava do novo estilo musical: "Não sei, não entendi/ Vocês precisam me explicar/ Seu samba é esquisito/ Não consigo decifrar".

Rejeitado pelos discípulos do banquinho e do violão, aliou-se à turma de Erasmo Carlos e virou ídolo da Jovem Guarda.

O encontro com Tom Jobim veio já no auge da fama: nos especiais de TV de 1976 e 1978, o Rei fez com ele dueto em Lígia. Em 1981, os dois, com Bethânia, homenagearam Vinicius de Moraes com Eu Sei que Vou te Amar. No especial de 1986, Tom cantou Estrada do Sol.

O Dia

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